Ei, eu também concordo: foi um grande amor, esse nosso. Mas a gente se magoou demais, exageramos nas acusações, pedimos porção extra de cobrança; abandonamos a cumplicidade, nos desfizemos da compreensão e nos esquecemos do carinho. É, com a gente era diferente, igual a todo mundo.
Começou como começam todos esses outros relacionamentos – cheio de certezas, com mil e uma declarações e a crença estúpida de que era aquilo uma rara concretização do “para sempre”. Fizemos juras, planos, pactos, promessas e mais promessas; agarramos-nos um ao outro na certeza de que no instante em que o mundo caísse o sentimento (verdadeiro) bastaria. Não bastou.
Começaram-se as brigas, antes desconhecidas; bateu a nossa porta o egoísmo, declarado inimigo nosso outrora; colocaram-se em nosso meio as diferenças, a princípio pouco notáveis; começamos então a nos desentender. Ofendemos-nos, cobramos o que não era justo, buscamos o idealizado e acabamos colocando fim no que considerávamos tão precioso, importante e necessário.
Deixamos que o orgulho tomasse conta do caso e acabamos por guardar palavras demais, o que foi correndo pouco a pouco o que existia entre nós. Quando nos demos conta estávamos distantes por demais, a intimidade – velha amiga – que esteve presente por tanto, pareceu nunca ter posto os pés por aqui, ganhamos aquela chata formalidade que se tem com quem se sabe quem é, mas não se conhece e nos conhecíamos tão bem, mas as pessoas mudam, meu bem; e mesmo percebendo, começamos a nos afastar.
A distância causa uma falta quase boa, na ausência a gente se lembra daquilo que mais sente falta no outro e bate aquela vontade de dá um passo atrás, retornar e pedir desculpas, assumir os erros pertençam a quem pertencerem. Mas o orgulho, daquela vez, misturado com a vergonha, nos amarrou ao pé da mesa e não permitiu que saíssemos de forma alguma, permanecemos só com a vontade.
Aí, não me lembro se eu ou você, em um dia abençoado resolveu ligar só para perguntar como iam as coisas, falar que sentia saudades e combinar alguma coisa. Combinado. Combinamos que largaríamos de besteira, que o que tínhamos era muito maior e que superaríamos. Nos encontramos, não superamos. Permaneceram as brigas, cada vez mais cruéis, fazendo com que reencontrássemos a velha amiga distância.
E dessa vez, meu amor, a estória é diferente. Uma rosa não me agradará mais, porque o que me vale não é a flor em si, mas o gesto; não ligarei, não mandarei mas nenhuma carta ou mensagem, não baterei mais a sua porta. Aquela conversa de que amor que é amor sobrevive a tudo é mentira, descaso mata-o como um câncer, de tico em tico e o meu por você já foi até sepultado.
Um dia a gente se esbarra por aí e eu vou te sorrir, te perguntar como você anda, como vai a sua mãe, seu pai, a sua irmã e o seu cachorro; você vai me dizer que sente falta e eu vou te mentir que também sinto, falar que estou atrasada, cheia de trabalho, que preciso ir, e assim como me fez algumas vezes, eu te direi que vou te ligar para gente marcar alguma coisa, me torturando por dentro por estar mentindo. Bem que eu queria, sabe, sentir algo assim outra vez, no entanto, o que antes era saudade virou só mais um poçinho raso dentro desse peito bem acostumado.
Bonita forma de lhe dar com o ponto final, quase sempre só queremos exclamações, reticências, aspas e etc.
ResponderExcluirAbç com carinho e uma boa semana!
muito interessante adorei o post !!
ResponderExcluirbj pro c""
olá gabi,
ResponderExcluireu posso até estar demorando a comentar, mas eu sempre venho aqui, viu? rsrs..
abraço! ;)
oi gabriela, tudo bem?
ResponderExcluirmuito bom seu conto. acho que a chave dele é a frase
"... bateu a nossa porta o egoísmo..."
beijos
Lindo texto..
ResponderExcluirVivemos colocando virgulas, quando na verdade é hora de colocar ponto final.
BjOo querida e uma otima semana!!!
Quando a gente ama, a gente ama. E quando a gente sofre, não é diferente. Não gostamos de lembrar de nada do que passou, preferimos deletá-lo de msn, orkut, telefone (como se isso fizesse parte do esquecimento). Mas quando é amor, nada dessas coisas acontecem. A gente sofre, a gente se machuca relembrando da dor. Mas o dia de amanhã é sempre melhor do que o anterior. E é assim até nos curarmos por completo. Demora, mas depois que sara, estamos sempre prontas para outra.
ResponderExcluirBeijo
Fico aqui pensando quantos rostos de encaixam nestas tuas letras, e bem sei que o meu está entre eles!
ResponderExcluirBeijos pra Ti
Gabi,
ResponderExcluirO trecho que mais me chamou a atenção foi o que fala sobre o orgulho, esse traiçoeiro!
Ainda ontem li um fragmento da Adélia Prado que me tocou profundamente :
"Não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro."
Palmas (eternas) para Adélia!
Beijo, querida.
queridaa
ResponderExcluirlindo seu blog
tô seguindo
segue???
http://meuryss.blogspot.com/
bjim
Choquei-me com esse texto! Maravilhoso, e parece muito coma história de quase todo mundo, é assim mesmo :)
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