“Eu nasci assim, eu cresci assim e sou
mesmo assim. Vou ser sempre assim:
Gabriela”.
Como
se nome e música tivessem se combinado propositalmente em meu ser, eu não tenho
medo de falar: quanto mais eu mudo, mais me torno a mesma pessoa. Por mais bem
elaborado que seja o movimento de rotação, e de mudanças mirabolantes e
maravilhosas que ele provoque, acabo sempre tonta de tanta mesmice minha. Não
consigo dançar no mesmo ritmo da Terra e acabo pisando no pé da parceira, nos
primeiros momentos da valsa, todas as vezes. Quando acaba o giro, me encontro
sempre no mesmo ponto, permanecendo nos mesmos erros.
Talvez
pudesse dizer que a teimosia foi herdada, que não furtei, foi presente de pai e
mãe. Será por isso tão exacerbada, meu Deus? De tanto teimar em ser eu mesma,
iludida com a mentira de que as novas oportunidades de quebrar a cara – geradas
sempre pelo mesmo motivo – me levarão a um projeto mais calmo e menos impulsivo
de mim mesma, mantenho por cinco minutos e trinta segundos, a certeza de que
não irei me importar mais e de que vou me manter calada.
Só
que não sei porque diabos, algo forte se remexe dentro de mim, me fazendo em um
terço do tempo previsto expulsar as rebeldes palavras, proferindo minha opinião
gratuitamente. Defendendo com unhas e dentes o lado da verdade que me pareça
menos hipócrita. Merecendo ouvir, principalmente de mim mesma, um: “quem te
perguntou, Gabriela?”.
Não
sei de onde tirei essa ideia maluca de que as coisas mudam. Quem sabe, seja
tudo genético: um pai sem juízo, que alimenta sonhos utópicos de mudança e uma
mãe doida que afirma que para reconstruir, só basta agir. Por culpa desse
sangue forte, a quase que expressão verbal ficar
na minha não se aquieta no meu vocabulário nem por meio minuto. Ganhando
sempre o Óscar de melhor chata do ano.
Reafirmo,
não tenho culpa. Provocado pelos benditos genes ou não, isso é mais forte do
que eu. Palavras e a força que elas têm, representam mais pra mim do que a
omissão nossa de cada dia. Impossível não terminar esse monólogo – sem pé e nem
cabeça – continuando a ser repetitiva “EU
NASCI ASSIM, EU CRESCI ASSIM E SOU MESMO ASSIM. VOU SER SEMPRE ASSIM: GABRIELA.
SEMPRE GABRIELA”. Porque para birrento, insistir é mero pleonasmo de si
mesmo.
Belíssima crônica, monólogo, confidência, desabafo ou mera 'autoespeculação' (prima da autoanálise). Melhor ainda, com a imagem! Perfeito. Se nascer, crescer e ser sempre assim, incapaz de conter suas persistentes opiniões-verdades é sina das Gabrielas, muita gente recebeu nome errado na maternidade. Mesmo eu deveria chamar-me Gabriel. Do que não reclamaria, pois o nome é belíssimo. Deves aceitar a sina, aceitar essa genética forte, utópica, sonhadora, defensora da ação e da palavra. Sobre ti repousa o encanto de todos os que não sabem ver o mundo passar sem uma palavra que o adorne. Beijosssssss
ResponderExcluirUm encanto! e a foto? haha adorei!!!
ResponderExcluir