segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Sobre dar certo



Quando pressenti o fim se colocar entre a gente, se abriu um buraco no meu peito e eu deixei que escorresse um choro manso e doído, agarrada ao travesseiro que tinha teu cheiro. Chorava e repetia para o meu coração já quase vazio o quanto eu queria que desse certo com você.
Sofri durante dias, amaldiçoando a vida por ter tirado essa possibilidade de mim. Mas tem uma hora que a gente enfrenta a realidade. E quando bati de frente com ela, me surpreendi: vi que a gente tinha dado certo. A verdade, meu rapaz, é que logo eu - que tanto me questiono buscando respostas - nunca tinha pensado sobre o que é dar certo. 
Como de costume, cheguei a minha resposta pela negativa daquilo que procuro. E dar certo, menino, não é status no facebook, nem datas escolhias e, muito menos, o tal do "para sempre". Dar certo é muito mais que isso. É conseguir fazer sorrir no meio de uma quinta-feira problemática, é ser testemunha de choros escandalosos guardados para a madrugada. É sentir compreensão em uma troca de olhar, é ser companhia mesmo quando distante. Dar certo é poder confiar, é não sentir vergonha, é poder contar, é rir da piada sem graça, é dividir as dores do que passou e o medo do que vem. Dar certo é se querer bem, é torcer pelo bem do outro. Não se liga a temporalidade, mas muito a intensidade. 
E essas coisas todas a gente teve de sobra. É, a gente deu tão certo. 

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