Eu não faço ideia de quanto tempo eu prendi essas palavras (eu e a minha terrível mania de não seguir conselhos), por diversas vezes eu peguei o telefone para discar seu número e dei graças a Deus por não ter, não conto as vezes em que eu quis te escrever um Email, uma carta sem remetente ou qualquer coisa do gênero, mas o meu amor parecia-me tão obvio e ridículo que as minhas palavras, teimosas como são, fizeram acontecer sua vontade e ficaram trancafiadas goela abaixo. Só que tudo tem limite, e talvez eu até tenha aprendido isso com você, porque se você não sabe, eu aprendi muito com você, e agora eu não agüento mais, os sentimentos se rebelaram e eu ouvi um boato rouco de que eu tenho que seguir urgentemente os devaneios desse meu coração burro. Não se assuste, mas pelo menos finja que está surpreendido por descobrir que eu tenho um.
Fiquei imaginando por bastante tempo por que diabos teve de dar errado para gente. Trouxe a culpa para dormir diversas vezes comigo, senti um imenso remorso por não ter voltado antes, por não ter correspondido aquele sentimento que
parecia tão verdadeiro e por não ter tentado não te querer quando te vi tão longe das minhas mãos. Você lembra, eu te falei que não sei perder.
Juro que nada foi por mal, que não premeditei tudo isso. Lutei muito para me livrar desse maldito aperto no peito que eu sinto em ver o meu nome se confundir com o teu, para não deixar cair nenhuma lagrimazinha todas as noites em que eu relembrava minimamente tudo o que a gente passou, eu tentei me controlar, mas você fez o enorme favor de ser tão diferente. E eu tava quase conseguindo, não precisava mais me torturar, nem me matar de ciúmes, nem mais reler aquela bendita carta, mas aí você teve de voltar para estragar tudo, não é?
E sabe outra coisa que eu me pergunto? Se é você que é tão especial quanto me parece, ou se sou eu que sou azarada o bastante e só atraio confusão para minha vida. Sinceramente, eu não devia, mas prefiro ficar com a primeira opção. Você foi tudo aquilo que eu nunca quis, que eu sempre reneguei, tudo de bom que eu precisava e que fui idiota o suficiente para deixar passar.
Não posso negar que você não me causa mais todo aquele efeito, que o coração bate um pouquinho mais devagar quando eu te olho e que eu te xingo quatrocentas vezes ao dia pela sua falta de atitude que tem de existir. No entanto, não posso ser leviana o bastante e deixar de dizer que você ainda mexe comigo (bem mais do que devia), que eu alimento insanamente uma pontinha de esperança de que aconteça uma nova “recaída”, que repito todos os dias para mim uma das suas últimas palavras naquela sala: “o que eu sinto por você sempre vai voltar quando eu te olhar novamente”, me agarro a esse sempre que eu sei que não existe, para me machucar um tico mais, me dizendo que assim vai doer menos e não deixar de acreditar que eu fui especial para você assim como você foi para mim.
No fundo, eu não quero te esquecer. Quero manter viva dentro de mim essa nossa relação sem sentido que nem existe mais, assim ela até parece meio real. Me faz um bem estranho ouvir alguma música e te lembrar, te olhar e achar que suas palavras são indiretas, imaginar que você pensa em mim uma veizinha só, que eu ainda provoco um carnavalzinho no seu coração. Mas não se preocupe, eu já até tirei da minha agenda a nossa foto, já me torturei dizendo o que você me diria: que passou, que o sentimento mudou, que é para eu esquecer, já tomei um banho geladíssimo olhando você com outra e percebendo o quanto ela é especial, já fiz muito mais do que eu pensei que faria. Repito-me todos os dias que vai passar, e ando até quase acreditando que está passando. Talvez o vazio seja mais duro e bem mais difícil, né? Ou eu tenha mentido pela milésima vez para mim mesma e ainda seja louca por você.
Lá vem você novamente, deixando-me sem palavras. E te pergunto: como você faz isso? Porque quem se prejudica afinal é você mesma, que não tem condições de receber um comentário decente. Mas também faço o pedido de que não deixe de me deixar sem palavras; é melhor sentir e não saber explicar, se o sentimento é, de fato, inexplicável.
ResponderExcluirÉ difícil entender o coração, entender o que sentimos e por isso muitas vezes fazemos coisas que não deviamos, mas faz parte do aprendizado da vida.
Lindo texto!
Beijos
Antes tarde do que nunca, e em casos de amor o tarde pode ser perfeitamente reversível. =)
ResponderExcluirBeijo, Gabi!
É difícil esquecer. Difícil conter essas lembranças, que nos dexam sem saber se são boas ou ruins.
ResponderExcluirUm beijo!
:)
Eu nem sei o que dizer, Gabi!
ResponderExcluirAdoro o que tu escreve.
Bjs
super ameeeeeeeeeeei!!
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