
Sei que várias vezes enviei-te conselhos ofensivos; disse a ti tamanha raiva que nutria por você e que se eu pudesse te mandava embora. Praguejei toda a minha vida, contra ti; desejei-te todo o mal e até tua própria morte, mas a vida gira e nos faz inverter os valores. Por isso, coração, aqui estou eu: com orgulho pela goela abaixo, arrependimento pulsando na veia para pedir-te perdão.
Aprendi, meu caro amigo, que não tens culpa das expectativas que carrega contigo, percebi até, que tens certa aversão a elas. Agora, eu vejo que se pudesse expulsava todas elas de tua casa, mas não te deram poder suficiente. Entendi que criá-las não depende de tua vontade, é involuntário e machuca mais a ti do que a mim.
Foi inevitável também não enxergar que não presenteias alguém com maior valor por escolha própria, que isso independe de tua opinião. Às vezes discorda, mas tua voz é tão baixinha que não tens como protestar; acabas, sem querer, valorizando a que não merece tua pureza e mesmo quando tal ser cruel pisa-te e machuca-te não tem forças suficiente para mandá-lo embora de tua morada: és fraco, pobre coração.
Tua memória também não se alia a teus desejos: lembra-te o tempo inteiro do que queres esquecer. Eu sei, caro amigo, não relembras do que te faz mal por querer: é involuntário, forçado e desce-te rasgando, amargo. Visita a tua cabeça pessoas que mal demais te fizeram e o rancor te impreguina, mesmo sem quereres. Sei, companheiro, sei que queres te limpar, te livrar de tudo isso que te trai, mas não tem força para isso e nem poder.
E alegra-te: não só eu reconheci que errei, mas a razão também. Assim como eu, ela entendeu que és inocente e que existem forças maiores que ela, ocultas, a quem tu deves maior obediência, mesmo a contra gosto. Conversamos e resolvemos fazer as pazes contigo, não mereces isso; não és digno de tamanho ódio.
Perdoa-me, querido. Entende que sei demais das coisas frias e entendo pouco desse quente do amor. Enxergue em mim, a partir de agora, alguém com quem contar; saibas que saberei, de hoje em diante, escutar-te, analisar teus motivos e compreender-te: serei devota amiga tua. Não te mate pouco a pouco, ainda tens muito a viver, a sofrer. Ah, pobre coração, ainda tens tanto a enfrentar.
Cuida-te. Não tome sereno, podes pegar uma pneomonia e, quem sabe, não resista a tal frieza. Não fale com estranhos, é perigoso entregar-se a tal aventura; procura enxergar quem bem te quer de verdade. Mas não te forces a nada, pois é tão fraco, que tem força o suficiente para suportar. Não exagere no álcool, pode embriagar-te de amor e tornar-se alcoólatra. E atenta ao volante, cuidado para não acelerar demais e acidentar-te outras vezes. Cá estou eu, novamente, a falar demais. Quer saber? Não escute nada que te disse, são apenas coisas bobas de quem aprendeu a zelar. Entrega-te a liberdade que amor não é realmente coisa para teu bico: é pouco, muito pouco.
Asas da ilusão - Flávio José
"Ah, esse meu coração, de novo
Sabe Deus onde me levará
Apostando tudo nesse amor, pôs a mão no fogo e se queimou
E hoje, sem um pingo de vergonha quer voltar
Ah, esse meu coração menino,
Não se conforma em te perder
Vive num banzo de fazer dó
Mesmo sabendo que amou só
Morre de saudades e de ciúmes de você
Vai, coração, te entrega todo
Toda paixão só tem gosto se sangrar
Arrisca tudo outra vez, tenta de novo
Nas asas da ilusão volta a voar"
Foi inevitável também não enxergar que não presenteias alguém com maior valor por escolha própria, que isso independe de tua opinião. Às vezes discorda, mas tua voz é tão baixinha que não tens como protestar; acabas, sem querer, valorizando a que não merece tua pureza e mesmo quando tal ser cruel pisa-te e machuca-te não tem forças suficiente para mandá-lo embora de tua morada: és fraco, pobre coração.
Tua memória também não se alia a teus desejos: lembra-te o tempo inteiro do que queres esquecer. Eu sei, caro amigo, não relembras do que te faz mal por querer: é involuntário, forçado e desce-te rasgando, amargo. Visita a tua cabeça pessoas que mal demais te fizeram e o rancor te impreguina, mesmo sem quereres. Sei, companheiro, sei que queres te limpar, te livrar de tudo isso que te trai, mas não tem força para isso e nem poder.
E alegra-te: não só eu reconheci que errei, mas a razão também. Assim como eu, ela entendeu que és inocente e que existem forças maiores que ela, ocultas, a quem tu deves maior obediência, mesmo a contra gosto. Conversamos e resolvemos fazer as pazes contigo, não mereces isso; não és digno de tamanho ódio.
Perdoa-me, querido. Entende que sei demais das coisas frias e entendo pouco desse quente do amor. Enxergue em mim, a partir de agora, alguém com quem contar; saibas que saberei, de hoje em diante, escutar-te, analisar teus motivos e compreender-te: serei devota amiga tua. Não te mate pouco a pouco, ainda tens muito a viver, a sofrer. Ah, pobre coração, ainda tens tanto a enfrentar.
Cuida-te. Não tome sereno, podes pegar uma pneomonia e, quem sabe, não resista a tal frieza. Não fale com estranhos, é perigoso entregar-se a tal aventura; procura enxergar quem bem te quer de verdade. Mas não te forces a nada, pois é tão fraco, que tem força o suficiente para suportar. Não exagere no álcool, pode embriagar-te de amor e tornar-se alcoólatra. E atenta ao volante, cuidado para não acelerar demais e acidentar-te outras vezes. Cá estou eu, novamente, a falar demais. Quer saber? Não escute nada que te disse, são apenas coisas bobas de quem aprendeu a zelar. Entrega-te a liberdade que amor não é realmente coisa para teu bico: é pouco, muito pouco.
Asas da ilusão - Flávio José
"Ah, esse meu coração, de novo
Sabe Deus onde me levará
Apostando tudo nesse amor, pôs a mão no fogo e se queimou
E hoje, sem um pingo de vergonha quer voltar
Ah, esse meu coração menino,
Não se conforma em te perder
Vive num banzo de fazer dó
Mesmo sabendo que amou só
Morre de saudades e de ciúmes de você
Vai, coração, te entrega todo
Toda paixão só tem gosto se sangrar
Arrisca tudo outra vez, tenta de novo
Nas asas da ilusão volta a voar"