quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti."


Nessa nossa relação nos comportamos como Pequeno Príncipe e Raposa. Você o tempo inteiro declarando querer ser amigo meu, eu lhe explicando que era necessário cativar primeiro. Você, curioso como o pequenino, questionou todo meu mundo. Eu lhe impus regras, arisca como tal bicho esperto, lhe contei dos ritos imprescindíveis para a dita “cativação” e te olhando desconfiada e com certo receio fiz minhas as palavras da amiga raposa: “se queres um amigo, cativa-me”.
Mas nós, como todo plágio, não adquirimos o encanto da originalidade. Você, diferente do principezinho, esqueceu-se de avisar que depois de certo tempo eu teria que me contentar apenas com os campos de trigo e com a sua doce lembrança; não sei se por descuido ou por falha proposital, não me esclareceu que era do mundo, que partiria a qualquer momento. Eu, não possuindo esperteza semelhante a da raposa, me esqueci de me lembrar que quando se deixa cativar correm-se riscos, inclusive o risco de chorar.
E agora estamos assim: você vagando por aí em busca de respostas que eu talvez pudesse lhe dar. E eu, desarmada, pagando as consequências de quem se deixa cativar, tendo sempre em mente que melhor do que ter sido raposa, teria ter sido sua rosa. 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Meio grama

Engraçado, né? Tantas vezes brinquei que você estava cansado e que não queria mais e agora você me vem com essa conversa de que toda brincadeira tem realmente um fundo de verdade. Quero te puxar e falar que eu ainda quero ser só sua, que eu falo besteira somente da boca para fora e que meu coração não conhece mais ninguém; te pedir mais uma vez para ficar, para não me deixar aqui com todo esse amor na mão sem saber o que fazer.
Mas você já falou pela quarta vez que não tem mais jeito, que agora sim terminou. Ainda me resta um grama daquele orgulho. Seguro aquela lágrima que jurei nunca mais ia mostrar para você. Meus olhos te suplicam, você titubeia. Quero falar do que eu sinto, o orgulho me cutuca, a lágrima ameaça outra vez.
Você deixa claro que não tem volta. Perco mais meio grama do meu orgulho. Te digo que não quero. Você não se interessa para descobrir o que não me interessa. Te digo que não quero ficar sem você.
Não sei o que te deu, tenho esperança de que tenha sido o coração. Você da meio passo para trás e diz que depois a gente conversa. Esse tempo a mais me amedronta e te exijo resposta. Você me garante que foi coisa de momento e eu finjo que acredito, que me sinto segura. Aí me aumenta a vontade de te falar tudo o que se passa aqui dentro, mas ainda me sobrou um miligrama daquele orgulho.