sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Ao meu pequeno



Ei, pequeno . Senta aqui. Não me engula com esses olhos. Tenha calma e veste paciência que eu tenho muito que prosear.
Você faz uma ideia errada de mim, me toma como mulher forte e decidida. Mas sou não, pequeno.
Começo me desfazendo do mulher, sou menina. Menina frágil não, mas muito indecisa.
Por que eu finjo assim?
Ah pequeno, é que uma moça chamada vida me mostrou mentiras por verdades. Me ensinou - sem saber-, diga-se de passagem, que sentir não se demonstra, se esconde e se guarda só pra gente.
Sabe, eu até fui metida a rebelde um tempo desse. Contrariei o que essa moça me jogava na cara e me permiti sentir. Eu amei, pequeno. Eu gritei a todo o mundo que o amor era meu. Mas era não...
Era algo transvestido que parecia tanto com sentimento que me levou cair em um abismo quase sem fim. Mas eu me enganei, pequeno. Certa, então, pareceu-me a tal de vida.
Segui os conselhos dela e reprimi, escondi  aquilo que me parecia ser bonito. Eu desaprendi, pequeno. Desaprendi essas coisas do coração. Não sei mais como se faz, pra onde se vai, como se mexe.
E o que você tem com isso? Ah, pequeno, é que eu ando tentando te esconder.