quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Orgulho maior do mundo




A palavra do dia é orgulho. Não daquele que a gente fica magoado e põe nossa cabeça dura acima de tudo, perdendo a coragem para pedir desculpas, ou até mesmo, para perdoar. Mas daquele que enche o peito de coisa boa, nos alimenta de estímulo e nos faz querer mostrar aquela pessoa e o nosso amor por ela para todo o mundo.
Pois é, se fosse para te dar uma palavra de presente hoje eu te daria orgulho. Ela seria toda sua só pelo orgulho que sinto de você. Orgulho, pois foi você quem me ensinou a dividir: todas as vezes que chamava sempre mais um a sentar-se a mesa grande da fazenda para compartilhar seja qual fosse a refeição. Aprendi contigo, que as coisas não vem de graça e que a gente precisa lutar muito por aquilo que a gente acredita e quer. Crianças aprendem com exemplos e eu via em você todos os dias a simplicidade; fosse no abraço ao caboclo sujo vindo da roça, ou o valor que sempre deu a amizade daqueles que cresceram junto contigo, mas não tiveram a mesma oportunidade, dessa forma você me mostrou que é importante ser simples. Tenho orgulho seu, pois foi você que me ensinou o quanto é necessário estender a mão ao próximo numa hora de precisão, lembro sempre daquelas pessoas que conviviam contigo diariamente e de quando vinham te pedir algo, você tinha sempre alguma coisa para lhes dar em troca: fosse algo material ou um conselho. Você me ensinou o fundamental: além de respeitar pai e mãe sobre todas as coisas, é preciso respeitar ao próximo; jamais te vi desrespeitando alguém, mesmo que ele te ofendesse ou causasse problema grande. Você também me mostrou (pena que ainda não consegui seguir seu exemplo) que é precioso ter paciência e saber ouvir, e eu vi isso desde que nasci, ou quando emprestava os ouvidos e toda a paciência do mundo para mim ou para alguém que vinha te pedir conversa.
Me orgulho de você. Muito, mais que tudo nessa vida. Me orgulho pelo homem de verdade que sempre fostes. Pelo homem de respeito, de coragem, íntegro, paciente, cheio de esperança, que sempre acreditou no próximo, que nunca desaprendeu sonhar, que sempre amou sua terra e sua gente e adotou todos aqueles que precisaram de você como filhos, irmãos, sobrinhos, tios e até mesmo, mães. Me orgulho do pai que você não teve, mais soube ser. Me orgulho de você nunca ter perdido a sua dignidade, o caráter que a vó te ensinou ter. Quero lhe dizer que você é o melhor pai do mundo e que eu me orgulho mais do que tudo em me orgulhar de você.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Só para ser




De tudo que desejo na vida, só há uma coisa da qual não posso esquecer e que não posso deixar de ser: gente. Mas não desse tipo que vive uma vida que não existe. Quero mesmo é ser gente de verdade. Não quero jamais parar de sentir, mesmo que doa, que corroa tudo o que tenho por dentro. Porque sentimento é igual ao fígado, depois que a ressaca sentimental passa, o que vale se regenera. Não quero ser utópica e viver em lugar algum. Mas desejo sempre um sonho novo. Reconstruir é na verdade, vital.  Quero ser uma nova criatura a cada segundo; preciso mudar para não deixar de ser eu mesma. Não quero fingir que não tenho medo; quem não teme a nada, perde a possibilidade de correr para debaixo da coberta de alguém.Quero me jogar debaixo da chuva sempre que a água cair, quem cresce e vira gente grande deixa de se lavar, e perde a oportunidade de se livrar do que está impregnado e não faz bem. Não quero parar de acreditar, crer em qualquer coisa que movimente a direção daquilo que chamo de vida. Não quero depositar todas as minhas expectativas em terras alheias, no entanto, necessito acreditar no outro. Não quero jamais esquecer que vivo com gente. Gente viva, de carne, osso e, quem sabe, até coração. Gente que, assim como eu, não quer deixar de ser gente. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Aos filhos

 

Hoje, a minha mensagem vai para os filhos. Em especial, para aqueles que ainda não são pais. Eu, assim como vocês, nunca compreendi muito bem certas coisas feitas por meus pais. Mas agora, que me deparei e tive que me acostumar com a distância física, dos dois, entendo melhor algumas coisas. Acreditem se quiser, mas não queiram saber como faz falta uma mãe chata pedindo para tirar a toalha molhada de cima da cama. A colcha molhada ajuda a aumentar o frio do coração. Então, o que eu tenho pra dizer a vocês?
Que se comportem bem? Acho que não. Isso é tão vago. Mas caros amigos, eu os aconselho: quando seus pais disserem para que você coma tudo, não deixe nada no prato e não despreze legume nenhum; não questionem o comportamento deles, que muitas das vezes não condiz com o que eles recomendam. Eles querem para nós, uma vida bem melhor que a deles. Quando pedirem a vocês que estudem, se esforcem e, às vezes, forem um pouco rígidos, não procurem os méritos deles. Só lembre-se de que eles sacrificaram muito da vida por nós. Quando falarem do modo como vocês se vestem, não associem os comentários "ruins" a breguice; eles só não que vocês escutem das pessoas de fora o que eles mesmos podem lhes dizer. Quando reclamarem do seu namoro e se recusarem a aceita-lo, não os responda dizendo que cada um sabe o que é melhor para si. Repense. Os pais veem a situação de fora e enxergam nosso futuro em minutos. Quando pedirem a vocês que não saiam, não exija os motivos. Procure ficar em casa, sexto sentido existe sim e não há mais aguçado que o de mãe. Não troque a companhia deles pelo facebook ou pela sua novela favorita, eles não são para sempre.
Não seja duro com seus pais, lembre-se sempre de que a ferida mais profunda é aquela feita por palavras. Todo mundo magoa todo mundo um dia. E o perdão precisa existir. Não cobre deles aquilo que deixou de ser feito, acreditem no que eu repito: eles deram o máximo e o melhor de si. Não deixe de compartilhar com eles sua vida, eles são e sempre serão seus melhores amigos. Não há necessidade de temê-los, respeite-os e não esqueça que sempre poderá confiar neles. Não diga que os ama depois, amanhã é distante demais.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Depoimento de um desabrigado



Oi, meu nome é... Na verdade, não tenho nome. Me lembro de muitas cosias nesta minha vida. Mas o que mais me marcou foi o meu cantinho aconchegante. Eu e toda a minha família morávamos atrás dessa casa que agora me encontro. Minha residência era o pé de cajá, a da minha irmã era o pé de carambola e o da minha mãe era a mangueira. Nós vivíamos felizes, tínhamos tudo o que precisávamos ali, tudo. Mas aí, um dia chegaram uns bichos estranhos, nem ao menos se deram o trabalho de perguntar se as nossas casas estavam a veda, simplesmente as destruíram. Nós não sabemos como sobrevivemos. Não gostamos das novas casas que eles fizeram: árvores compridas, sem folhas e sem frutos. Acabamos nos refugiando na casa da frente, cheia de humanos estranhos, que sempre que nos enxergam dão comida. Só que a gente fica sem saber se querem nos conquistar para tomar o que nós temos depois. Pensando bem, o que nós temos mesmo? Não sei nem se a vida.

Esse pequeno texto narra a história de vida de mais uma vítima da invasão do homem ao habitat da nossa fauna. Esse exemplar da espécie Callitahix geoffroyi (vulgo:soinho/sagui da cara branca) vivia em um terreno baldio, atrás da minha casa, e ficou “desabrigado” após a retirada das árvores que lá se encontravam.