quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Circuito


Pensei que já tinha lhe superado, que todo aquele amor que eu nutria por você tinha sido devorado pelo casamento entre distância e indiferença. Tantas vezes depois dessa falsa convicção nos vimos e meu peito nunca mais havia batido forte. Mas sei lá, dessa última vez em que nos (des)encontramos, mesmo sem trocar palavras e somente poucos olhares, todas aquelas ilusões renasceram.
Não entendo, eu já tinha compreendido seu desamor em sua completa totalidade e de repente você arromba a porta do meu peito e sem pedir licença planta um tiquinho de você e sai, outra vez. Já não bastou todo aquele tempo em que me dediquei completamente ao seu falso bem-querer?
E sabe o que me deixa pior? É essa minha falta de orgulho, a omissão da minha razão e a preguiça do meu amor-próprio. Eu poderia falar com propriedade sobre o porquê e como não amar você. Eu, eu sei que não deveria, que não poderia. Não esqueci todas as lágrimas que derramei por você; ainda estão abertas todas as feridas que a sua falta me fez. No entanto, o meu desejo mais forte pede para que eu reconsidere minha pobre ilusão e desista de mim mesma. Fui além da permissão de me deixar te esquecer, demonstrei à você e ao seu ego que meu amor dançava em outros salões.
Pimba, você acreditou. E agora meu coração confuso volta atrás, parece que ele assumiu um estado de amnésia e esqueceu que acreditava na impossibilidade dessa história. Pela primeira vez, sinto vontade - de verdade. E ao mesmo, seguro para não tagarelar tudo o que grito todos os dias no silêncio do meu interior e o danado do sentimento implora para exteriorizar.

                                                                                                                    

terça-feira, 18 de junho de 2013

Sabiá




Há tanto que não te vejo e não ouço ninguém falar do teu cantar que quase me esqueci de ti. Foi quando hoje, olhei pela janela e vi o abacateiro, nem havia me dado conta de que ele ainda existia. No instante primeiro não consegui identificar o que tal frutífera me lembrava, até que pensei escutar um canto, canto bonito – que encanta como canto de seria – aí, lembrei-me da tua antes estimada presença e dos teus encantos. Pena que o coração não apertou. Me dói muito, passarinho, não sentir mais a falta tua, tu me fostes tão precioso. Mas não me lembro  ao certo porque voastes para longe de mim, meu terreiro era tão bonito...
Sei que a ausência primeira me dói mais que esta outra de agora, não existe mais vazio. O lugar que era teu se preencheu por um oco que muito me ensinou. Fizestes-me tantas promessas de retorno, mas nem a lembrança deixou que viesses me visitar. Aonde quer que estejas não te exaltes, não culpo somente a ti. Sei que também tenho eu colaboração gigantesca para teu sumiço. Reconheço: com o aperto da ausência fiquei despeitada, te queria tão perto de mim que só ajudei a te mandar para longe.
De fato descuidei do que te mantinha em mim, deixei de regar teu abacateiro – canto preferido teu no meu terreiro -; ainda cheguei a rega-lo algumas vezes com últimas lágrimas que derramei, mas o tempo passou e nem percebi que sua última folha caia. Ali, caiu junto à esperança e vontade de te ouvir cantar outra vez. O tempo aumentou seus dias e esqueci completamente do abacateiro.
Hoje, que por coincidência infeliz tive essa lembrança, decidi regar o caule seco pela última vez. Não vou cotar-lhe a raiz morta, no entanto, também não vou alimentar algo que já nem vive mais. Sei que no terreiro em que estiveres vai sentir um sopro fraquinho no pequenino coração e temer algo ruim. Mas aproveita essa sensação, esta é a última vez em que eu me lembro de ti.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Só para dizer que eu te amo




Nesse momento, em que anda tudo tão difícil entre a gente o que eu mais queria dizer é que eu te amo. Diferente de todas as outras vezes em que algo ruim tentou se meter entre nós não consigo brigar. Fico confusa e meio desajeitada, estranhamente quieta, tentando colocar no lugar essa bagunça. Não sei o que me aconteceu, muito menos o que aconteceu com agente. Só que desta vez nada é igual. Não vejo a necessidade de fazer do meu ponto de vista o único correto e nem de defender opiniosamente tudo aquilo que finjo crer, só enxergo a precisão de salvar o que ainda existe de bonito entre e para nós. Sei que disse muitas vezes, sem dó e nem remorso, que o fim dessa nossa relação só me traria benefícios. Mentira, tudo da boca para fora. Acredita em mim, por mais que a gente viva nessa eterna disputa que nos faz tão pequenos, tu me faz bem, muito bem.
Eu tenho a certeza de que sabes: por de trás dessa minha valentia toda, desse meu modo tempestuoso e da postura de mulher segura, sou só um menina – muito boba, assumo- extremamente insegura, que só se faz de decidida para ver se te convence que preciso de cuidado. De verdade, não quero te perder. Não posso me perder do que sou contigo.
Vem e senta aqui comigo. Me abraça como daquela vez que em que queria me fazer parar de chorar, me abraça bem forte e me diz calado que, seja como for,  tu não vai sair do meu lado. Me conta, ao apertar minha mão, que aconteça o que acontecer a gente não vai  deixar de se gostar. Olha, eu com medo, muito medo para falar a verdade. Não sei o que vem aí pela frente, mas alguma coisa aqui dentro me diz que vou ter que ter muita força. Então, vamos aproveitar o que ainda nos resta porque a eternidade pode acabar em meio segundo. 

domingo, 7 de abril de 2013

"Why won't you let me love you?"


Lhe desejo tudo de bom. Mentira. A sua chance de ter algo bom está aqui comigo e você desistiu de tudo. Eu sei, eu sei que vai ser melhor assim. Eu sei que tudo o que você não queria era me magoar, mas você me magoou, ta legal? Foi mal, mas não aceito as suas desculpas, elas não me convencem. Ainda acho que há algo mais por trás dessa sua boa intenção de me deixar ser feliz, do jeito que eu mereço. Você nunca foi bom moço.
Eu sei que vai passar. Isso não são conselhos que você me dê, pode esfriar a cabeça, as minhas amigas vão se encarregar disso. Não precisa pedir para eu me cuidar, você sabe muito bem que eu tenho um talento enorme para fazer tudo errado e que depois que você sair por aquela porta e que eu bate-la bem forte nas suas costas a minha chance de não dar certo, daqui para frente, vai subir de 30 para 80%. Não, não, cala a boca. Não quero ouvir esse teu sermão de que sou muito mimada e que preciso aprender que a vida não dança de acordo com a minha música, disso eu também já sei.
Você não tem ideia do quanto é ridículo esse seu discurso, é óbvio que eu mereço alguém melhor que você. Mas a sua memória só pode mesmo ser muito falha em esquecer de que outro dom que tenho é escolher as pessoas erradas, tanto faz se na hora certa ou não. Sei que essa sua conversa de que quando eu encontrar um outro alguém nem vou mais lembrar de você e de que irei rejeitar seus telefonemas são só papo furado – você só quer mesmo terminar de vez com essas dilema; assim como também, é a mais pura e sínica mentira que ainda vai querer manter algum tipo te contato comigo, sua última ligação para mim foi há duas horas, quando você decidiu que me queria fora da sua vida.
Você já está irritado com esse meu drama sem sentido e como toda a humilhação por qual estou me submetendo? Pois vá embora, meu bem. Ninguém está lhe segurando aqui. Minhas mãos companheiras não te prendem mais, meu coração curioso para descobrir o amor por aí a fora já está para lá de magoado e, por mais que te queira, não pretende encontrar com qualquer vestígio seu tão cedo. Vai, vai, mas vai logo. Vai, que se não, lhe dou tempo para me arrepender e lhe imploro a presença nos meus dias tão seus.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Orgulho maior do mundo




A palavra do dia é orgulho. Não daquele que a gente fica magoado e põe nossa cabeça dura acima de tudo, perdendo a coragem para pedir desculpas, ou até mesmo, para perdoar. Mas daquele que enche o peito de coisa boa, nos alimenta de estímulo e nos faz querer mostrar aquela pessoa e o nosso amor por ela para todo o mundo.
Pois é, se fosse para te dar uma palavra de presente hoje eu te daria orgulho. Ela seria toda sua só pelo orgulho que sinto de você. Orgulho, pois foi você quem me ensinou a dividir: todas as vezes que chamava sempre mais um a sentar-se a mesa grande da fazenda para compartilhar seja qual fosse a refeição. Aprendi contigo, que as coisas não vem de graça e que a gente precisa lutar muito por aquilo que a gente acredita e quer. Crianças aprendem com exemplos e eu via em você todos os dias a simplicidade; fosse no abraço ao caboclo sujo vindo da roça, ou o valor que sempre deu a amizade daqueles que cresceram junto contigo, mas não tiveram a mesma oportunidade, dessa forma você me mostrou que é importante ser simples. Tenho orgulho seu, pois foi você que me ensinou o quanto é necessário estender a mão ao próximo numa hora de precisão, lembro sempre daquelas pessoas que conviviam contigo diariamente e de quando vinham te pedir algo, você tinha sempre alguma coisa para lhes dar em troca: fosse algo material ou um conselho. Você me ensinou o fundamental: além de respeitar pai e mãe sobre todas as coisas, é preciso respeitar ao próximo; jamais te vi desrespeitando alguém, mesmo que ele te ofendesse ou causasse problema grande. Você também me mostrou (pena que ainda não consegui seguir seu exemplo) que é precioso ter paciência e saber ouvir, e eu vi isso desde que nasci, ou quando emprestava os ouvidos e toda a paciência do mundo para mim ou para alguém que vinha te pedir conversa.
Me orgulho de você. Muito, mais que tudo nessa vida. Me orgulho pelo homem de verdade que sempre fostes. Pelo homem de respeito, de coragem, íntegro, paciente, cheio de esperança, que sempre acreditou no próximo, que nunca desaprendeu sonhar, que sempre amou sua terra e sua gente e adotou todos aqueles que precisaram de você como filhos, irmãos, sobrinhos, tios e até mesmo, mães. Me orgulho do pai que você não teve, mais soube ser. Me orgulho de você nunca ter perdido a sua dignidade, o caráter que a vó te ensinou ter. Quero lhe dizer que você é o melhor pai do mundo e que eu me orgulho mais do que tudo em me orgulhar de você.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Só para ser




De tudo que desejo na vida, só há uma coisa da qual não posso esquecer e que não posso deixar de ser: gente. Mas não desse tipo que vive uma vida que não existe. Quero mesmo é ser gente de verdade. Não quero jamais parar de sentir, mesmo que doa, que corroa tudo o que tenho por dentro. Porque sentimento é igual ao fígado, depois que a ressaca sentimental passa, o que vale se regenera. Não quero ser utópica e viver em lugar algum. Mas desejo sempre um sonho novo. Reconstruir é na verdade, vital.  Quero ser uma nova criatura a cada segundo; preciso mudar para não deixar de ser eu mesma. Não quero fingir que não tenho medo; quem não teme a nada, perde a possibilidade de correr para debaixo da coberta de alguém.Quero me jogar debaixo da chuva sempre que a água cair, quem cresce e vira gente grande deixa de se lavar, e perde a oportunidade de se livrar do que está impregnado e não faz bem. Não quero parar de acreditar, crer em qualquer coisa que movimente a direção daquilo que chamo de vida. Não quero depositar todas as minhas expectativas em terras alheias, no entanto, necessito acreditar no outro. Não quero jamais esquecer que vivo com gente. Gente viva, de carne, osso e, quem sabe, até coração. Gente que, assim como eu, não quer deixar de ser gente. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Aos filhos

 

Hoje, a minha mensagem vai para os filhos. Em especial, para aqueles que ainda não são pais. Eu, assim como vocês, nunca compreendi muito bem certas coisas feitas por meus pais. Mas agora, que me deparei e tive que me acostumar com a distância física, dos dois, entendo melhor algumas coisas. Acreditem se quiser, mas não queiram saber como faz falta uma mãe chata pedindo para tirar a toalha molhada de cima da cama. A colcha molhada ajuda a aumentar o frio do coração. Então, o que eu tenho pra dizer a vocês?
Que se comportem bem? Acho que não. Isso é tão vago. Mas caros amigos, eu os aconselho: quando seus pais disserem para que você coma tudo, não deixe nada no prato e não despreze legume nenhum; não questionem o comportamento deles, que muitas das vezes não condiz com o que eles recomendam. Eles querem para nós, uma vida bem melhor que a deles. Quando pedirem a vocês que estudem, se esforcem e, às vezes, forem um pouco rígidos, não procurem os méritos deles. Só lembre-se de que eles sacrificaram muito da vida por nós. Quando falarem do modo como vocês se vestem, não associem os comentários "ruins" a breguice; eles só não que vocês escutem das pessoas de fora o que eles mesmos podem lhes dizer. Quando reclamarem do seu namoro e se recusarem a aceita-lo, não os responda dizendo que cada um sabe o que é melhor para si. Repense. Os pais veem a situação de fora e enxergam nosso futuro em minutos. Quando pedirem a vocês que não saiam, não exija os motivos. Procure ficar em casa, sexto sentido existe sim e não há mais aguçado que o de mãe. Não troque a companhia deles pelo facebook ou pela sua novela favorita, eles não são para sempre.
Não seja duro com seus pais, lembre-se sempre de que a ferida mais profunda é aquela feita por palavras. Todo mundo magoa todo mundo um dia. E o perdão precisa existir. Não cobre deles aquilo que deixou de ser feito, acreditem no que eu repito: eles deram o máximo e o melhor de si. Não deixe de compartilhar com eles sua vida, eles são e sempre serão seus melhores amigos. Não há necessidade de temê-los, respeite-os e não esqueça que sempre poderá confiar neles. Não diga que os ama depois, amanhã é distante demais.


sábado, 2 de fevereiro de 2013

Depoimento de um desabrigado



Oi, meu nome é... Na verdade, não tenho nome. Me lembro de muitas cosias nesta minha vida. Mas o que mais me marcou foi o meu cantinho aconchegante. Eu e toda a minha família morávamos atrás dessa casa que agora me encontro. Minha residência era o pé de cajá, a da minha irmã era o pé de carambola e o da minha mãe era a mangueira. Nós vivíamos felizes, tínhamos tudo o que precisávamos ali, tudo. Mas aí, um dia chegaram uns bichos estranhos, nem ao menos se deram o trabalho de perguntar se as nossas casas estavam a veda, simplesmente as destruíram. Nós não sabemos como sobrevivemos. Não gostamos das novas casas que eles fizeram: árvores compridas, sem folhas e sem frutos. Acabamos nos refugiando na casa da frente, cheia de humanos estranhos, que sempre que nos enxergam dão comida. Só que a gente fica sem saber se querem nos conquistar para tomar o que nós temos depois. Pensando bem, o que nós temos mesmo? Não sei nem se a vida.

Esse pequeno texto narra a história de vida de mais uma vítima da invasão do homem ao habitat da nossa fauna. Esse exemplar da espécie Callitahix geoffroyi (vulgo:soinho/sagui da cara branca) vivia em um terreno baldio, atrás da minha casa, e ficou “desabrigado” após a retirada das árvores que lá se encontravam. 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Estamos conversados



Você me reclama distância, diz que ando fria, reclama da pouca atenção que lhe dou. Desconverso com um ‘não é nada’. Você não se convence, me conhece bem. Lhe digo que é o pouco tempo. Você me olha com esses olhinhos de quem pede para o tempo voltar e me suplica para abrir o jogo. Suspiro entediada e uma lágrima rola do seu rosto. Você me diz que quer conversar. Que agora quer conversar. Largo meu livro e lhe olho, você diz coisas que embaralham meu ouvido e meu coração já não consegue mais decifrar.
Você lembra do tempo em que nos conhecemos, pede para que eu resgate aquela minha mansidão, para que eu não desapegue da minha meiguice. Diz que sente falta das nossas conversas, de saber o que realmente se passa comigo pela minha boca, cospe que cansou de tentar ler minhas entrelinhas, assume que não nasceu para adivinhar. Infelizmente, isso já não me toca tanto, você detecta. Entra em prantos. Me pede perdão, trezentas vezes perdão. Recorda e reconhece que me machucou. Que foi um tremendo egoísta e que em momento algum pensou em mim. Mas ao mesmo que se redime se defende, fala que ter ficado naquele momento só ia me destruir mais; que se afastou pelo nosso bem. Me pede para não enxergar no abandono uma falta de amor e sim um gesto altruísta. 
Me calo, não derramo uma única gota. Você se dá conta de que mudei. Baixa a cabeça e chora um choro baixinho, no entanto desesperado, como eu chorei um dia. Soluça que foi burro. Que deixou a fraqueza nos afastar, que não deveria ter me largado ali, sem ninguém. Vejo como fui patética, quando eu era assim. Você se joga nos meus braços e não lhe nego meus abraços. Você me implora perdão e eu cansada desse roteiro te digo que não há nada que ser perdoado. Você se desespera mais ainda, me escorrega dos braços e diz saber como sou rancorosa. Diz que essa minha falta de reação é fim de amor, pede desculpas outra vez, que não sabia o que estava fazendo. Pede para eu não deixar o amor morrer dentro de mim, para seja como for eu ser feliz e me implora por alguma solução. Qualquer coisa que possa fazer para me trazer de volta, de verdade. Lhe peço para parar de falar besteira. 
Você enxuga as lágrimas com as costas da mão e abre a boca em outro soluço escandaloso, assume saber que foi você quem me deixou assim, sem graça de vida; que o destino, do qual não sou adepta, foi quem nos roubou um do outro, que sabe que o sentimento meu por você não está sepultado, no entanto, que enxerga que não tenho jeito. Ainda bem que você sabe, ainda bem.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Amanhã quem sabe



Pare, por favor. Não me diga mais nada, não quero saber seu nome, de onde você vem, onde mora ou quem são suas companhias. Não preciso conhecer sua mãe, nem saber o nome do seu cachorro predileto que morreu quando você tinha nove anos de idade. Não é necessário que você me conte a sua cor favorita ou sua comida preferida, conhecimento alheio vem com o tempo; e quem sabe quantos segundos nós iremos conviver? Não me faça promessas. Só me fale em felicidade depois que ela já tiver dado um passo adentro; a gente só sabe realmente se vai chover depois que a primeira gota cai. Cansei de viver de futuro, a partir de um segundo atrás só quis engolir presente.  E de verdade, agora meu coração pede para que você fique nele. Por isso, deixe as palavras de lado, se esquece delas, que as benditas só gostam mesmo de fazer a gente pensar demais e eu também cansei de pensar. Agora só desejo o agir. Não me diga a que data e a que horas estará aqui, a expectativa misturada à ansiedade só geram devaneio. Quero ser sua, agora. Amanhã quem sabe.                

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Carinho me basta



Não sinto vontade de te amar. Amar não, amar dói. E eu não quero sofrer. Não quero sentir ciúmes, não saber mais viver sem tua presença, te ligar de cinco em cinco minutos ou ficar loucamente neurótica por não saber por que diabo não responde as treze últimas mensagens de texto que eu mandei nos dois últimos minutos. Não quero ficar implicando com tuas novas amigas, não quero ser ridícula ao ponto de só querer tua companhia e mais nenhuma outra. Não quero perder meu sono e ficar imaginando em que raios de lugar tu te enfiou, não quero sentir medo de te perder. Quero te eternizar nas minhas lembranças boas; num canto calmo e especial da minha vida. Por isso é que eu não quero te amar; prefiro só cuidar de ti. Além do que, hoje em dia todo mundo ama e tu sabes que gosto de ser diferente, do contra.
Acho bem melhor te fazer um café quente, um chá de limão com alho quando gripado. Fazer teu prato predileto depois de um dia cheio ou cuidar da tua ressaca em um domingo de manhã. Passar tua blusa amarrotada, só para te ver mais bonito. Pesquisar sobre calvície precoce para não ver coisa boba nenhuma te afligir. Deitar tua cabeça em meu colo, te fazer um cafuné e te contar no toque dos meus dedos que ainda tem coisa boa nesse mundo. Me distrair junto contigo, em uma quinta feira a tarde, com um jogo de vídeo game, só para te agradar. E até tentar descobrir o motivo da tua estranheza e se for preciso escutar teu silêncio. Não preciso te amar, te cuidar me satisfaz. 

Prece de desamor



Hoje, só hoje, me lembrei de você. Há muito que sua presença não passeava pela minha memória. Calma, deixe de ser afoito. Não é saudade. É só uma vaga lembrança mesmo. E o engraçado é que, diferente das outras vezes, não lembrei o que a gente teve de ruim. Só me vinheram a cabeça os momentos bons. Recordei nosso primeiro beijo, nossas infindáveis discussões passivas a respeito das nossas ideologias totalmente opostas; sobre o modo como você mexia em meu cabelo e me fazia sentir uma vontade incontrolável de dormir nos teus braços, da forma como você me olhava e da admiração que demonstrava ter por mim.
É, você foi bom. Me tocou lá no fundo e apesar de todas as tempestades que provocou no meu ser, fez eu me descobrir. Você, mesmo com todos os seus defeitos e dificuldades para comigo fez eu me amar, me querer bem.
É bem verdade que cavou poços fundos dos quais eu nunca fui capaz e me recuperar. Ah, mas deixa para lá. O tempo passou e junto com ele tudo aquilo que me doía foi embora também. Eu não queria te largar de jeito nenhum, queria você para sempre; de qualquer jeito, com ou sem reciprocidade. No entanto, você foi embora de mim sem eu me dar conta. Quando vi já era só minha e de mais ninguém. Nenhuma lágrima tocou novamente o fundo da minha memória. É, não é saudade. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Bilhete de amor



Ei, vem aqui. Entre agora por essa porta e diga que tudo foi mentira, que nada do que a gente disse no momento de raiva importa, que foi tudo da boca para fora. Só mais uma discussão. Me pede perdão e me cala as desculpas com um beijo. Me abraça e fala que nunca mais vai me deixar aqui sozinha, essa casa – a minha vida – fica muito vazia sem você aqui para brigar comigo e dizer que me ama. A gente não tem o tempo inteiro e rancor é coisa pequena demais para todo esse nosso amor. Eu sei que você é orgulhoso, até mais do que eu; que é cabeça dura e que não quer se deixar render por essa minha teimosia. Mas também sei que o que você sente por mim não termina meia hora. Eu sei: você não sabe me esquecer. E quer mais? Eu também não sei deixar de te lembrar a cada minuto. Por isso, deixa de besteira daí que eu deixo daqui. E se rende, que eu já estou para lá de rendida.