Pensei que já tinha lhe superado, que
todo aquele amor que eu nutria por você tinha sido devorado pelo casamento
entre distância e indiferença. Tantas vezes depois dessa falsa convicção nos
vimos e meu peito nunca mais havia batido forte. Mas sei lá, dessa última vez
em que nos (des)encontramos, mesmo sem trocar palavras e somente poucos olhares,
todas aquelas ilusões renasceram.
Não entendo, eu já tinha compreendido seu desamor em sua completa
totalidade e de repente você arromba a porta do meu peito e sem pedir licença
planta um tiquinho de você e sai, outra vez. Já não bastou todo aquele tempo em
que me dediquei completamente ao seu falso bem-querer?
E sabe o que me deixa pior? É essa minha falta de orgulho, a omissão da minha
razão e a preguiça do meu amor-próprio. Eu poderia falar com propriedade sobre
o porquê e como não amar você. Eu, eu
sei que não deveria, que não poderia. Não esqueci todas as lágrimas que
derramei por você; ainda estão abertas todas as feridas que a sua falta me fez.
No entanto, o meu desejo mais forte pede para que eu reconsidere minha pobre ilusão
e desista de mim mesma. Fui além da permissão de me deixar te esquecer,
demonstrei à você e ao seu ego que meu amor dançava em outros salões.
Pimba, você acreditou. E agora meu coração confuso volta atrás, parece
que ele assumiu um estado de amnésia e esqueceu que acreditava na
impossibilidade dessa história. Pela primeira vez, sinto vontade - de verdade. E
ao mesmo, seguro para não tagarelar tudo o que grito todos os dias no silêncio
do meu interior e o danado do sentimento implora para exteriorizar.