segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Não sei



Se sei quem sou?
Sabe lá!
Quem define e traduz um punhado de incertezas?

Se me encho de "não sei's" não é a toa
Realmente não sei se conheço aquilo que desejo

Não sei se quero
Se arrisco
Ou se espero

Não sei se aposto
Se jogo
Ou se volto

Não sei se falo
Me faço
Ou me calo

Sei menos ainda
Se aqui pra você tem espaço!

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

As vantagens de ser invisível: uma resenha ou meu último aprendizado


Querido Charlie,

Queria começar dizendo que muitas vezes eu também sou invisível. E que talvez todas as pessoas boas, de alguma forma, o sejam. Isso não significa, no entanto, que  eu me ache uma pessoa tão boa assim. Muito pelo contrário. Mas eu tenho esperança. Tenho esperança de um dia ser como você.
Olha, eu também tenho as minhas feridas, que parecem nunca cicatrizar. Também escondo coisas irreveláveis (que um dia vão ser descobertas). Também não gosto das belezas convencionais. Na verdade, de nada que se enquadra nos padrões. 
Mas principalmente, Charlie, eu também penso muito, e-x-a-g-e-r-a-d-a-m-e-n-t-e. E sinto tantas coisas, de forma tão intensa; e nunca falo sobre elas. Eu também amo demais e tenho a mesma ilusão de que esse amor pode justificar tudo, sendo suficiente para qualquer coisa. Mas não é. E aí cometo o mesmo erro: acabo esquecendo de "fazer coisas". E a Sam tem toda a razão: a gente não pode se limitar a ficar sentado, sentir e pensar - "fazer coisas" importa muito.
E é por isso, é por você, Charlie; na verdade, foi com você que decidi parar de "não fazer coisas" e de tentar não ter tanto medo assim. 
Preciso também dizer que pela primeira vez eu não corri para última página logo nos primeiros capítulos de um livro. Pela primeira vez, eu não me deixei tomar pela ansiedade e pelo pavor do que estar por vir. E quer saber? Não vou mais querer ler o próximo capítulo da vida também. Deixa acontecer.
Com você e sua páginas eu tive muitas lições. E pode ter certeza de que, daqui por diante, vou estar sempre "fazendo coisas", amando e passando por túneis - deixando o vento bater no rosto.
Obrigada, Charlie. Aprendi a viver um pouco mais com você.


Com amor, 
Gabi.


OBS: ao terminar a leitura de "As vantagens de ser invisível" de Stephen Chbosky, tentei fazer uma resenha. Mas tudo o que saiu foi uma carta cheia de emoção para um dos personagens mais lindos que já (re)conheci. E a frase da foto 'somos infinitos' é uma das constatações mais loucas e profundas que Charlie fez. 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Aquilo que não se publica em jornais



Hoje me deu uma vontade tremenda de te encontrar. E nem era para dizer que ando sentindo uma saudade desgraçada e que ainda penso muito em ti. Eu só queria te olhar nos olhos e contar que eu venho conseguindo estudar mais, que larguei o emprego que tanto odiava e que ando com planos de morar só. Acho que você também gostaria de saber que fiz aquela bateria de exames que eu tanto prometia, que voltei a comer salada e me matriculei na academia.
Também queria te contar que eu vou fazer aquela viagem que me prometia desde o ano passado e que terminei todos aqueles livros que você me recomendou. Acho que você até ficaria orgulhoso se eu contasse que a minha vida anda tão calma e que a última confusão em que me meti foi você.
Mas também ando muito curiosa. Queria saber como foi aquele show que você tanto esperou e o que achou daquele livro que te emprestei e você nem chegou a me devolver. Falta você me contar como foi seu médico e se você marcou a terapia. Também quero notícias de a quantas anda aquele seu projeto e como foi aquela sua prova difícil. 
Além disso, muito me interessa saber se você finalmente conseguiu arrumar a bagunça que tomava conta da sua vida e se agora tem um espacinho aí para mim. Eu preciso descobrir se teu coração anda em paz e se ainda bate alguma coisinha por mim.
Mas eu não sei. Nem de você, nem da sua vida, nem mesmo o que fazer de  mim. Porque, sabe, por mais que eu tenha encaminhado minhas estradas e mantido as aparências ainda tem um vazio aqui dentro. Falta alguma coisa, rapaz. Falta você em tudo. Falta nós. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Sobre partidas (in)esperadas



Em um daqueles momentos em que você se aninhava em meus braços e que as palavras me fugiam mais fácil pela embriaguez da nossa química, eu te menti que eu não sentia medo. Que eu e a expectativa andávamos sempre muito distantes e que, por tanto, eu estava preparada para qualquer fim repentino. Tudo mentira. Você, deixando-se convencer pela minha ascendência geminiana ou fingindo por comodidade crer em todas aquelas bobagens que eu falava, me afirmou com certo ar de dor que só tinha um medo: que eu gostasse muito de você.
Confesso, nessa hora senti um calafrio e quis jogar limpo contigo, quis te pedir perdão pelo desapego dissimulado e te frustrar dizendo que já era tarde. Que já gostava de você. Muito. Que eu estava arriscando tudo: minha falsa estabilidade emocional, meus pensamentos e, em especial, meu coração. E que por isso eu sentia um medo desesperador. Quis ser ainda mais injusta contigo e te dizer que aquela sua preocupação era boba, que ela não tinha sentido nenhum porque você não iria me machucar de jeito nenhum.
Machucou. Assim como a intensidade com a qual te dedico meu gostar, você me machucou muito. Me apresentou lugares do meu peito que eu desconhecia e dos quais eu fugia há tempos. Teve toda a paciência em me fazer acreditar nesse troço amargo que as pessoas chamam de amor, colocou band-aid’s e mertiolate nas minhas feridas. E quando elas cicatrizaram você me partiu o coração com a sua partida (in)esperada, me deixando sozinha, sem nem mesmo um único motivo para ter raiva de você.
E agora, meu rapaz? Diz para mim: o que eu faço dessa angústia toda? Como é que é lidar com tudo isso? Porque, olha, não faço a mínima ideia. Você pode fazer o favor de me ensinar? 

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Das miopias sentimentais



Você viu minha pose de moça durona e difícil, assim como também viu eu me despir dessa indumentária que não me serve confortavelmente. Viu meu humor ácido de mulher bem resolvida transformar-se em insegurança de menina mimada. Viu minha tranquilidade de falar em público sobre assuntos que saem no jornal, mas também me viu balançar o pé freneticamente antes de dormir e ser tomada por uma crise de ansiedade inexplicável. 
Viu aquela lagrimazinha no canto do olho que rimava com um bico característico do descontentamento se transformar em pranto. Viu o quanto posso ser grosseira se sentir a necessidade de me por na defensiva, mas também me viu sem defesa nenhuma. Viu minha mão estendida pronta a ajudar, mas viu também meu pedido de socorro.
Viu meu riso mais inocente, assim como viu meu lado mais malicioso. Me viu corar de vergonha, do mesmo modo que me viu perdê-la em segundos. Viu meus medos e me viu criar coragem. Viu a personificação da satisfação quando sua mão me acariciava a face, ao mesmo passo que viu a do descontentamento quando você teve de me deixar. 
Viu meus defeitos mais escondidos, a minha entrega dificultosa. Meus sonhos transformados em frases de efeito que não mostrei pra ninguém, além de você. Viu minha regra e minha exceção. Me viu dormir e acordar. Me viu ser menina e mulher. 
Você me viu nua. De roupa e de alma. E depois de tanto ter visto, eu me pergunto: como não conseguiu enxergar o quanto gosto de você?