segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Aquilo que não se publica em jornais



Hoje me deu uma vontade tremenda de te encontrar. E nem era para dizer que ando sentindo uma saudade desgraçada e que ainda penso muito em ti. Eu só queria te olhar nos olhos e contar que eu venho conseguindo estudar mais, que larguei o emprego que tanto odiava e que ando com planos de morar só. Acho que você também gostaria de saber que fiz aquela bateria de exames que eu tanto prometia, que voltei a comer salada e me matriculei na academia.
Também queria te contar que eu vou fazer aquela viagem que me prometia desde o ano passado e que terminei todos aqueles livros que você me recomendou. Acho que você até ficaria orgulhoso se eu contasse que a minha vida anda tão calma e que a última confusão em que me meti foi você.
Mas também ando muito curiosa. Queria saber como foi aquele show que você tanto esperou e o que achou daquele livro que te emprestei e você nem chegou a me devolver. Falta você me contar como foi seu médico e se você marcou a terapia. Também quero notícias de a quantas anda aquele seu projeto e como foi aquela sua prova difícil. 
Além disso, muito me interessa saber se você finalmente conseguiu arrumar a bagunça que tomava conta da sua vida e se agora tem um espacinho aí para mim. Eu preciso descobrir se teu coração anda em paz e se ainda bate alguma coisinha por mim.
Mas eu não sei. Nem de você, nem da sua vida, nem mesmo o que fazer de  mim. Porque, sabe, por mais que eu tenha encaminhado minhas estradas e mantido as aparências ainda tem um vazio aqui dentro. Falta alguma coisa, rapaz. Falta você em tudo. Falta nós. 

2 comentários:

  1. Onde colocar tudo aquilo que precisávamos dizer especificamente a uma única pessoa?! Ou melhor! Melhor! Onde colocar tudo aquilo que precisa sair de nosso peito antes que morramos sufocados, e que precisávamos dizer especificamente a uma única pessoa, mas ela já não quer nos ouvir?!
    Como saber a sequência da vida de alguém que já não faz parte de nossa vida, e cuja sequência nossa mente, teimosamente, considera parte inseparável de nossa vida?!
    Eis as duas sequências de perguntas estupendamente belas que tu lanças sobre nossos corações, como se lhes soubéssemos as respostas melhor do que tu. Não sabemos. Não sabemos se alguém sabe. Tu sabes que ninguém sabe, e ainda assim, perguntas, nas entrelinhas desse texto mágico, antológico, genial.
    Dizer que ‘falta nós’ em mim não é genial?! Falta tu em nós e faltamos nós em mim... É mágico, isso. E só quem perdeu muito bem perdido sabe o que quero dizer, e como é mágico isso!
    Por que não lanças logo quinhentos livros, menininha morena de olhos brilhantes que virou loirinha baixinha?! Leríamos todos! É muita qualidade para não ler.
    Por favor, não fiques mal acostumada com verdades sobre teu talento raríssimo, belíssimo, e tua pessoa evidentemente meiga debaixo de um gênio aparentemente austero. O Ministério da Saúde avisa que ficar mal acostumada não faz mal para quem fica mal acostumada.
    Beijossssssssssss

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    1. As perguntas que tu faz, além de muito poéticas, sempre me fazem refletir muito. E até me descobrir um pouquinho.
      Pela milionésima vez agradeço aos teus elogios doces. E quem sabe não surge um livro por aí...
      Beijos

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