terça-feira, 27 de julho de 2010

Currículo amoroso

Oi, bom-dia, estou a um bom tempo a procurar um novo emprego. Na verdade, como pode ver em meu currículo já passei por alguns; desde cedo, mesmo sem querer, fui obrigado a trabalhar, mas nenhum correspondeu ao que eu queria.
Sou um jovem coração e como já era de se esperar, de se saber, passei por alguns perrengues. Em meu primeiro emprego e em outros tantos, meus anseios não foram correspondidos; não havia trabalho em equipe, só havia esforço e realidade de minha parte. Mas mesmo assim não pedi demissão, fui demitida. Fria, cruelmente e várias vezes. Sem dó me piedade meu patrão me mandou embora. Um ou outro até me readmitiu, mas sabe como é? Nunca dá certo.
Depois, andei por aí e entendi que não havia nascido para ser comandada, não precisava de um chefe. Então, pelas noites da vida, consegui alguns empréstimos de amores e arrumei, não sei aonde- dentro de mim, um pouco de coragem. Contratei algumas pessoas para serem meus funcionários junto a alguns sócios, e impus uma condição a todos que ingressavam e erguiam esta empresa a meu lado:eu seria a sócia majoritária. Todos concordaram e eu pensei que tudo iria dar certo e que o maior sucesso na indústria do amor seria alcançada por mim. Mas confiei demais, me passaram a perna; os sócios abusaram de seu poder e junto com alguns dos funcionários roubaram-me toda a força, sem deixar-me nenhum tostão de coragem e investiram tudo na concorrência.
Confesso, passei algum tempo fora do campo; achei que essa vida profissional havia acabado para mim, mas resolvi me dar nova oportunidade. Andei lendo sobre como anda difícil o mercado e não nego temo por mim; mas não posso ficar parado a vida inteira pedindo esmolas para quem não tem nada a me dar.
Foi então que procurando nos classificados um coração para trabalhar meu amor, achei essa agência e pensei que aqui teria uma nova oportunidade. Vou confidenciar mais uma coisa: estou disposto a pagar o que for e trabalhar o quanto for por uma nova chance. Pensem bem!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Das coisas que sempre acontecem

Minhas mãos frias e cegas procuram o calor de teu rosto; meus olhos importunam a todo instante a esperança, ansiando tua entrada por essa porta.
Mas nada! Nada além do vento soprando ao pé do ouvido tuas promessas de para sempre feitas outrora; incumpriveis, impossíveis, acabadas. Também tenta preencher o vazio do meu peito oco as cenas de amor não divididas, bem que elas podiam passar na tela do cinema que você tanto gosta e fazer com que minhas lembranças deixassem de ser só minhas; comoveria-te?
Ai, se eu soubesse como te tocar novamente, no coração mesmo. Pena que criatividade que é bom me abandonou; meus discursos moralistas estão todos ultrapassados, chatos, nada de novo.
O encanto que havia já se quebrou faz tempo junto com seu amor a quem eu joguei no chão, pisei sem dó nem piedade, esmagando minha chance de ser feliz.
Tchau. Tchau amor, tchau sonho bonito, tchau segurança, tchau querer, tchau. E ah, oi saudades, seja muito mal-vinda.

p.s voltei!
RESPODEREI AOS COMENTÁRIOS LOGO, LOGO
beijos amores

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Solidão, cheguei na hora.

O relógio avançou mais algumas horas, o tic-tac tão baixinho e ensurdecedor não me deixa esquecer que me atrasei. É isso aí, mais uma vez perdi a hora. Resolvi colocar uma taça de vinho sob a mesa e tomar nas mãos um cigarro forte com gosto de decepção que eu nem gosto, só para refletir e outra vez me torturar.
Tic-tac. O orgulho, ele se sentou ao meu lado e esperou que você viesse a porta com todas as minhas vontades nuas. Mas parece que minha espera passou do ponto. Me atrasei.
Tic-tac. Sim, eu deixei cada minuto ir embora de mãos-dadas com a chance de te ter de verdade. Mas pensando bem, ninguém tem ninguém, certo? Pois é, deixei a maior chances de todas de brincar de te ter. Da no mesmo, não? Tic-tac. Pois então...

p.s Ainda não voltei de férias, mas estou quase chegando; saudades de vocês meus, amores. Logo, responderei os comentários. Beijos

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Adeus esperança!


Ele respirou fundo. Tentava levar alguma alegria a seus pulmões, presenteando-lhes com um pouco de ar puro, coisa que já não existia no céu triste daquela cidade melancólica. O grito das buzinas o irritava. Sentia-se sufocado. Tinha a impressão de que seu espaço era furtado pela fumaça por canos de descargas e fábricas que se faziam presentes em cada esquina.
Precisava fugir, quem sabe viver consigo mesmo em uma casa da árvore, se ao menos tivesse ideia onde encontrar algo verde, colorindo aquele cinza.
Tentava montar em sua cabeça alguma estratégia infalível para matar sem dó nem piedade aquele estresse que o torturava a cada renovar do sol que parecia querer brincar de pique-esconde. Talvez, quem sabe, uma viagem, há tanto não via o mar. Ou quem sabe ir a uma fazenda, galopar pelos verdes que seus olhos tanto desejavam.
O relógio andou mais uma hora passando a frente do engarrafamento que em nada progredia. E a realidade veio cruelmente arrancar-lhe a esperança de alívio. Lembrou-se que a praia não traria prazer algum. O mar estava cheio de oferendas a Iemanjá. Plásticos, restos de comida e até mesmo alguns eletrodomésticos não faltavam para homenagear a mãe do mar.
Seria em vão, também, procurar o tão sonhado alívio nos campos. Tudo o que se pôde conhecer de verde neste planeta havia dado lugar a um colorido. Colorido este que representava o amadurecimento das belas frutas tropicais, prontinhas para embarcar rumo a Europa.
O trânsito andara mais alguns metros, provavelmente, com mais três voltas completas do pequeno ponteiro do relógio chegaria a esquina de casa. Mas já sentia-se pronto para cavar sete palmos de concreto e jogar cimento por cima de sua fé que acabara de dar o último suspiro.

p.s Amores, viajo hoje. Por isso, passarei um tempo ausente. Mas assim que voltar responderei os comentários e me deliciarei com as belas palavras de vocês. SENTIREI SAUDADES. Beijos.