terça-feira, 27 de novembro de 2012

Amar quando a gente não ama



Quando a gente não ama tudo parece ridículo, absurdo. Quando a gente não ama os outros aceitam demais, são pegajosos demais, bobos demais. Desperdiçam tempo, mereciam algo melhor, muito melhor. Quando a gente não ama, os outros ficam cegos e é tão fácil abrir os olhos. Quando a gente não ama, os outros têm relacionamentos errados e não sabemos por que eles não saem e progridem na vida. Quando a gente não ama esquecer é somente questão de força e amor próprio. Quando a gente não ama a gente, sem saber, condena erros que cedo ou tarde iremos cometer.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ei, eu te amo



Você acabou de sair daqui. Tentou a todo custo saber o motivo de mais uma zanga minha, eu te disse que não era nada. Veio na ponta da língua, mas eu não disse.Talvez porque não fosse nada mesmo. Você me deu beijo, me pediu para sonhar contigo e eu fiquei te olhando entrar no carro. Você saiu e eu continuei ali, prestando atenção no caminho que você começou a seguir. Me arrependi. Devia ter te pedido para ficar, se não a noite toda, ao menos mais um tiquinho. Mas eu calei, como sempre. Entrei, fechei a porta e tentei sentir seu cheiro na sala. Impossível não senti-lo, ele ainda está em mim. Deitei no sofá e comecei a assistir aquele programa que você me recomendou. Sabe o que eu consegui concluir com ele? Que sou orgulhosa demais e que isso, às vezes, acaba atrapalhando o clima gostoso que a gente tem. Só fazem vinte minutos que você saiu daqui, não tem trânsito, sei que já chegou em casa. Te ligo e dou uma desculpa qualquer, você me atende com aquela sua voz linda de sono. Meu coração aperta, quero você perto, quero dizer que te amo. Não sei o que é, só sei que sinto uma pontinha de raiva - queria você aqui, o tempo foi pouco. Te digo que o sono chegou, você me lembra que marquei compromisso de sonhar contigo, me sinto boba. Aí, garoto esperto, você me faz pensar ainda mais. Até começo pensando que eu não deveria estar assim, você já me fez chorar. Já me deixou confusa por demais quando resolveu brincar com o que eu sentia, uma vez. Me irrita profundamente todas as vezes em que me encontra, me esgota toda a paciência. É teimoso, criança,difícil.Me faz vítima do ciúme o tempo inteiro.  Me deixa sem saber o que fazer e põe por terra tudo o que eu tinha certeza ser verdadeiro. Só que aí, lembro também que existe outro lado, que a verdade tem duas faces. Você já me arrancou um bocado de lágrimas sim, mas já limpou outro bocado delas na sua camisa com um abraço apertado. Mesmo impaciente, acha em algum lugar aí dentro uma paciência do tamanho do universo para lhe dar com essa pessoa nada fácil que sou e com essa minha incostância. Lembro, com certa mágoa, das vezes em que me machucou. Mas me lembro também daquela vez em que eu birrava por uma crise de cúme e você me arrancou a força do sofá no colo, me levou para o quarto e me fez lembrar que entre nós tem algo forte demais. Daquela outra em que fiquei doente e você cuidou de mim, assim como cuida pouco a pouco dessas feridas que eu ainda trago no peito. Reconheço que muito você já gastou com chocolates para curar uma TPM. Não esqueço de como você me incentiva e aconselha, dizendo sempre com aquela sua carinha linda que só quer o meu bem. Ah bem meu, quero te ligar de novo. Dizer tudo isso. Mas já são três da manhã e sei que sem seu sono bem dormido você não é nada. Agarro o travesseiro com força, fingindo que é você. E sussuro baixinho tudo que queria dizer - 'ei, eu te amo'.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Mulheres inteligentes e corações burros


Você é bonita, tem um papo legal, um gosto musical refinado, adora ler, não tem frescura alguma, gosta de futebol, bebe uma cerveja, sabe cozinhar, não tem preconceitos- é livre dessas chatices de agradar a sociedade, é simpaticíssima e indiscutivelmente inteligente. Mas não, você não é perfeita. Tem um defeito enorme, quase que imperdoável, que faz as pessoas olharem para você e se perguntarem se você não precisa urgentemente de um tratamento ou choque de realidade: você gosta do tal do cara errado.
Você tinha esquecido alguns babacas que te fizeram sofrer e de repente ele apareceu.   Mas você possuía dentro de si aquela barreira e aquele medo de se entregar de verdade ou outra vez. Ele sorriu. E aí garota, você decidiu que era a hora de se doar. Mas de se doar de verdade. Porque dessa vez você faria diferente, a mulher difícil ficaria para trás e você pegaria as malas para ser feliz.
No começo, tudo deu certo. Você cedia um pouco daqui, se fechava um pouco dali. Pimba. Conquistou o coração dele. Fez ele ficar de quatro, te mandar mensagem de bom dia, te dar flores e ser o genro dos sonhos da sua mãe. Então aí, você confirmou a sua teoria e viu que ele era o cara certo na hora certa. Se entregou, deu tudo de si para ele, passou a corresponde-lo com toda a sua ardência e intensidade.
Mas aí gata, ele tropeçou em uma pedra no meio do caminho e teve uma amnésia. Você estava ali, prontinha para ser tudo o que ele tinha dito querer, uma paixão só; mas ele não te reconheceu. Você tentou fazer com que ele se lembrasse quem era você. Aquela, aquela mesmo que ele dormiu abraçado, aquela que ele levou café da manhã na cama e chocolates na hora do almoço, aquela com quem ele disse que queria ter dez filhos, três cachorros e um casal de papagaios. Mas por mais que você o sacuda e tente relembra-lo com toda a dedicação da sua vida, ele não consegue.
Passa a te deixar sozinha com uma panela de brigadeiro aos sábados, faz questão de andar bem longe de você em público, não abre mais a porta do carro, tem sempre uma grosseira na manga. As suas amigas, segundo ele, estão todas ruins da vista e o confundem sempre com outro cara que estava na balada com uma nova piriguete; te deixa borrar sempre o rímel e esquece de te borrar o batom. Para ele, você passa a ser  tão visível quanto o ar que ele respira,  e a sua sogra demonstra te amar bem mais do que o lindo filho dela .
Você pensa ser a tal da primeira crise. Assiste a algumas comédias românticas e pensa que o amor, o amor que você tanto insistiu para descer goela abaixo, vai prevalecer no final. O tempo vai passando. Vez ou outra ele tem um lapso de "bondade" e você jura que ele é aquele da primeira semana de namoro. Mas aí, se passam alguns segundos e você reconhece o canalha de cada dia. Você aprende a baixar a cabeça para tudo que ele faz, tem sempre uma desculpa pronta antes que ele venha com as esfarrapadas dele, perde o contato com as amigas e se agarra a esse amor tão doido, ficando cada vez mais vazia. As pessoas te olham e coxixam. Você sabe o que é. Fica mal. Quando chega em casa, sozinha, coloca aquela música bem alta, berra acompanhando que tudo acabou, que vai deixa-lo, só para ver se sua mente absorve. Se olha no espelho e se pergunta como foi que de Cinderela você regrediu para gata borralheira. Deita na cama e chora aquele choro doído, desesperado de quem não encontra solução. Questiona mil e uma vezes o que você está fazendo e se responde logo: "burra, burra, burra" e promete, mais uma vez, que vai  larga-lo. Pensa que deveria ter estacionado bem antes, mas roda, roda e não encontra vaga na rua da lucidez. É amiga, sabe qual o grande problema? É que você e o resto do mundo não entendem o quão burro é esse seu coração teimoso.

sábado, 27 de outubro de 2012

Tchau, amor


Ninguém deixa de amar outra pessoa ao meio dia de uma quarta-feira nublada. O amor não começa, e muito menos, termina de repente. As coisas começam e se findam aos poucos. Muitas palavras, pouca atitude. Muita mágoa, outro alguém; falta de interesse ou, como no meu caso, um enorme cansaço traz pegado a mão o fim de um amor.
Não é falta de vontade, acredite. Se fosse por mim estaríamos até hoje vivendo naquele clima de primeira semana de namoro. Mas é que nasceu em mim uma preguiça de nós. Procuro mais ou menos quando. Mas acho que não preciso cometer o pecado do pleonasmo ao repetir que o amor não tem data certa para ir embora. Não me olhe desse jeito como quem quer se arrepender, tentando me fazer ficar. Já é hora de ir embora.
Ah, por favor. Não ouse dizer que não entende. No fundo, você já previa. Não acreditava muito no seu dom de adivinhar o futuro, no entanto, sabia que eu não demoraria a partir. Ainda insiste? Tudo bem, quer mesmo saber? Então escute agora. Sem interromper; aliais - odeio suas interrupções. Vamos lá.
Eu já disse: cansei. Não faça essa cara de espanto, fingindo não ter ideia do que se trata. Saiba que as suas grosserias camufladas por falsas brincadeiras me magoaram sempre, ainda mais pela sua sonegação de elogios. Perdi a paciência para os seus programas e planos que quase nunca tinham espaço para mim. Não vi mais graça no meu medo de te perder, já que você nunca esteve em minhas mãos. Me dei conta de que nenhum homem tem tantas amigas assim, e de que eu sou bem melhor que todas elas juntas. Já acho seu ciume fingido a coisa mais ridícula do mundo, não me ofende mais. Cansei de estar contigo e ser carente. Abri os olhos e vi que sou boa demais para isso. Não sou eu quem vai perder aqui, amigo.
Quer que eu diga mais? Não espero que você dê um único passo em minha direção. Você é fraco e não tem munição suficiente para lutar pelo meu regresso. Tenho a certeza de que você vai ficar parado exatamente aonde está agora.

obs: foto retirada do facebook Caio F e Clarice Lispector

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ai meu Deus, Ai meu Jesus


Ai meu Deus, Ai meu Jesus - crônicas de amor e sexo/ Fabrício Carpinejar. -Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012
Ai meu Deus, Ai meu Jesus, como diz o subtítulo, é um maravilhoso livro escrito por Fabrício Carpinejar que fala sobre amor e sexo. Em suas deliciosas crônicas o autor entra na alma  do leitor, em especial na alma das leitoras . Trata sobre sexo e casamento, encontro e sentimentos ardentes dos amantes apaixonados, a dor de um amor não correspondido, o desejo que as mulheres tem em ser desejadas e mais outras gostosuras. Se revela, colocando a sua essência no livro e acaba fazendo com que quem leia se encontre em suas palavras. Vale à pena se lambuzar!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Só na malandragem

Dizem as boas línguas que a justiça tarda mas não falha. Talvez sejamos nós seres humanos apressados por demais e queiramos (considero eu que não muito depressa) que a justiça, em especial a dos homens, não se demore a fazer. E é assim que segue o Brasil - ansioso, afoito e que pena que quase desacreditado da nossa boa e duvidosa justiça brasileira.
Nesse momento, muito de nós nos entreolhamos calados e silenciosamente gritando:"será que outra vez  vamos sendo levados pelo tal jeitinho brasileiro? Será que outra vez nesse jogo de muitos interesses somos driblados pelo interesse de poucos? Ou será que é só pegadinha do malandro?". E é aí que a voz se faz presente e a dúvida fala pela língua da indignação:"cadê a nossa ficha limpa, camarada?".
Uns preferem se acomodar e soltar o preguiçoso "eu já sabia". Mas felizmente e para alegria geral da nação, outros tantos não se contentam. Podem até dividir-se em dois grupos - os que ainda fazem fezinha e acreditam que a justiça tardará mas não falhará; e aqueles outros que acreditam somente na justiça do voto.
Eu, não sei se de ingênua ou esperançosa, prefiro acreditar nas duas. "Homens de justiça" farão o que o Brasil inteiro pediu e resultou na lei da ficha limpa, mesmo que 48 horas antes da eleição. Mas sei também, que a justiça do povo também não se negará a acontecer nas urnas. E sendo então assim, candidato ficha suja vai sendo esquecido, mesmo que devagarinho, mesmo que do jeitinho brasileiro.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Tudo o que direi a minha filha



Creio eu que a maternidade está longe de me alcançar e sei que a experiência que guardo é pouquíssima, e que os tantos princípios e valores que eu tenho de pouco vão me adiantar. Não sei o que eu vou dizer a minha filha quando ela me perguntar de onde vêm os bebês, ou que farei com ela quando tirar sua primeira nota baixa, e muito menos, como agir diante sua primeira crise existencial. Mas sei muito bem o que direi a ela quando tiver que falar sobre a sua vida amorosa.
Para começar a treinar minha menininha desde pequerrucha - não lerei para ela contos de fadas de príncipes e princesas. Nada de sereia que cria pernas para poder viver junto do seu amado, de homem que é capaz de despertar a mulher do sono eterno somente com um beijo; quero que ela entenda que não é necessário mudar para que alguém possa ama-la e que o amor não mora no campo do impossível.
Quando ela entrar na adolescência o primeiro conselho que lhe darei é para que ela jamais assista nenhum clássico dos filmes de chororô e nem ouse se deliciar com as comédias românticas. Porque assim ela não vai esperar nenhum acontecimento inesperado para que aquele cara, que na verdade nem vale a pena, olhe para ela; ou que aquele babaca que a magoou milhões de vezes perceba com alguma das lágrimas que ela derramar o quanto ela é especial e mude da noite para o dia com bombons e buquês. Sei que livrando a minha princesinha dessas ilusões deliciosas, as chances de ela ser encandeada pelas luzes do final feliz irão diminuir.
E no instante que ela crescer mais um pouquinho e começar a querer desabrochar, vou lhe fazer pensar e talvez até confundir um pouco a sua cabecinha. Contar-lhe que não é necessário fazer uso desse estereotipo de mulher difícil. Homem, homem que é homem, não se prende a isso. Claro que ela não precisa escrever na testa que está à procura de alguém.  Mas o cara - que nem precisa ser o certo-(basta ser homem de verdade), vai se interessar ou não por sua conversa, seus gostos, sua personalidade, além da sua beleza. Talvez assim ela perceberá que a conquista não é um jogo de pega-pega, sim de afinidade, de sorte.
E quando, por fim, ela entrar na sua vida adulta chegará a hora de lhe falar o grande segredo. Que na verdade, é a coisa mais simples do mundo: do seu mundo e do seu coração só você sabe. Vou lhe pedir, ou melhor, implorar para que largue de mão a opinião alheia e se importe somente com o que sente. Porque ela é que poderá saber o seu limite, só o seu coração conhecerá, de verdade, o seu desejo mais íntimo e mais intenso. Quem sabe assim, ela ficará mais perto do feliz para sempre.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

(...)

 

Nosso relacionamento, ao contrário dos convencionais não começou com um travessão. Mas sim com reticencias, deixando o meu coração confuso e mais assustado que ponto de exclamação.  Quando ele parou para pensar se deparou com uma enorme interrogação, que acabou se deixando iludir por seu mar de ponto e vírgula.  Se bem me conhecesse não se assustaria com o meu infinito de aspas e dois pontos e, por conta disso, não teríamos ficado nesse troca-troca de vírgulas.  E quer saber? Acho essas tais, as vírgulas, são pouco intensas, diferentes de mim. Então resolvi botar muito sentimento entre parênteses,  no entanto não me pareceu cair bem. Resolvi então, ser radical. E fiz uso do ponto final, mas a questão é que os parênteses criaram tamanha afeição por nós que não consegui tira-los da nossa história por nada nesse mundo. Tentei forçar outras vezes o ponto final (sozinho), mas de nada adiantou. Alias, Tati Bernardi se adiantou por mim: "De tanto tentar colocar um ponto final, eles acabam se tornando reticências… " .

terça-feira, 15 de maio de 2012

Escuta

Moço, eu te pareço estranha e concordo contigo - as coisas mudaram por aqui. Realmente caminho mais distante e já não aperto a tua mão com tanta força. Mas não fantasie. Não existe mais ninguém na minha vida.
Acho que não preciso mais dizer o que aconteceu. Por mais que você me indague o tempo inteiro sobre o que anda acontecendo no meu mundo para eu andar tão longe, você mesmo possui as respostas. Tenho certeza que você sabe que eu cansei. De você não. Cansei da certeza que você tem do meu sentimento por ti e da incerteza do seu por mim. De te esperar até pegar no sono no sofá e acordar com frio, sem você do meu lado. Tenho tido preguiça de ouvir vez por outra uma de suas grosserias; de me arrumar só para o espelho e ficar feito criança pedindo doce, doida por um elogio. Já não tenho paciência de ser trocada por um programa, aparentemente mais interessante que eu. E acho que meu ciúme já anda ultrapassado, perdeu a graça.
Não me olhe com essa cara de assustado, sei que você não está surpreso - conhece essa história, Viu, você já anda querendo se zangar comigo de novo, como se eu fosse culpada por seus erros. Para. Derruba esse muro que tem aí dentro de você. Aprende, criança teimosa: não é feio sentir.
Calma menino, calma. Escuta. Vê só: você diz antes de mim que eu quero ir embora, mas é você quem se levanta. Eu ainda não disse nada. Mas se é melhor assim, rápido, termino logo com essa história: eu fico!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Fica



Ei moça, preciso muito te revelar uma coisa. Por esses tempos, trago aqui dentro de mim, um misto de culpa e medo. É que você não é mais a mesma, não me recebe mais com aquele sorriso aberto, não me faz mais carinhos, parou de tentar colocar em minha cabeça o tamanho do seu amor, não exige mais saber o que eu tenho ou como estou.
É, minha menina, você mudou. E eu me pergunto insistentemente o que foi que aconteceu. Fico então com aquele medo que faz nascer uma raiva monstruosa, só de pensar que o motivo do seu comportamento frio possa ser outro. Alguém que tenha sequestrado o seu amor. E o que mais me preocupa é o fato de ainda não ter pedido resgate.
Mas aí meu amor, eu vou aos poucos me lembrando de quem você é. Os seus valores e princípios me olham ofendidos, recordando que você não seria capaz de tal ato. E tal recordação acorda uma culpa adormecida, que ocupa mais da metade do meio peito. Me vem a cabeça as vezes em que fui grosso, as outras que te deixei a esperar, aquelas que deixei seu sentimento sem resposta ou que te troquei por outro programa qualquer. E passo a ser mais um a pedir que o tempo volte.
Por isso é que ando assim, tentando corrigir meus erros com um beijinho daqui, uma declaraçãozinha dali. Fui perceber, espero que não tarde, que vai ser ruim demais te perder; vai doer em nós dois e temo que caso isso ocorra o nosso orgulho nos mantenha um longe do outro. Prometo para você minha neném que se você abrir esse seu coraçãozinho machucado só mais uma vez para mim eu te curo. Acredita princesa. As coisas vão ser diferentes. Não vou te exigir nada, só vou te pedir uma coisa: fica comigo!  

terça-feira, 24 de abril de 2012

Palavra derradeira



Quando a gente sente demais o coração quer transbordar e acaba calando. Olhando para você agora percebi isso. Quis gritar tudo e pensei o que diria a você se essa fosse minha última oportunidade de lhe falar. Bem, ao contrário do que você pensa, diria que te quero do teu jeito. Que as tuas manias, a tua birra formam uma rima clichê de métrica imperfeita com a minha teimosia. Esse seu prazer interminável de me irritar, diferente do que parece, não ofende - me tenta a crer que o bom da nossa relação permanece no mesmo lugar, isso para mim já virou quase que prova de amor.  Até agradeceria por esse seu modo meio inconstante, explosivo: ele me fez por o pé atrás e pensar um tico mais, o furacão que chegou contigo me deu de presente uma calmaria. Confesso que essa sua insistência em deixar calado o seu sentimento ao mesmo tempo em que o meu grita, de início me  maltrata, depois me alivia; é que a calma e a cautela me fazem enxergar que essa coisa calada que você tem aí dentro não é mostrada por qualquer coisa.
Acho que você também merece saber que eu te admiro. Talvez você vá virar o rosto e tentar desconversar como faz quando quer fugir do assunto ou se sente envergonhado, mas sei que no fundo você vai se perguntar por qual motivo. Pois eu te poupo de tanta dúvida: admiro o modo como você valoriza a família; esse seu lado protetor que você tenta esconder da melhor maneira possível; a forma carinhosa como você trata tudo aquilo que você julga precioso e admiro mais ainda a criança que não deixa morrer dentro de você. E sinta o gostinho de vitória na boca, eu admito: morro de ciúmes de você, tenho um medo horroroso de te perder.
Acha que ainda falta alguma coisa, não é? Bem que me conheces. Ainda me resta te aconselhar. Peço que pense um pouco mais, planejar o futuro não faz mal a saúde; toma muito cuidado ao volante; cuida mais na tua alimentação, vai ver essa dor de cabeça, bebe um pouco menos, dorme teu sono direito e vive a tua vida.
Ah, só mais uma coisa: não esquece que eu te amo. Muito.

sexta-feira, 30 de março de 2012

"De repente chorava. Já era amor." CL


Começo organizando as palavras na minha cabeça, como quem escreve um brilhante texto mentalmente. Depois, passo a selecionar as palavras certas, como quem revisa seu melhor trabalho. Para terminar de me convencer inicio um monologo: repito todas as palavras em voz alta. Ainda não me convenci. Repito outra, quase gritando. Ainda não me deixei seduzir por minhas próprias palavras. Então passo para a terceira, quarta, quinta vez. Pronto. Sinto-me tão convencida que me soam como pleonasmo. Mas não há motivo para recuar. Essas palavras tão ensaiadas imploram para se sujeitarem a sua interpretação, choram para abandonar a minha boca.
Paro a sua frente, te olho bem nos olhos. Meu coração aperta, sinto que o meu sentimento por você teima em crescer. Decido que dessa vez vou ter calma, não vou embaralhar as palavras, ensaiei muito. Você me toca a mão, me traz para junto do seu corpo e apoia seu queixo no meu ombro, deixando a barba mal feita roçar meu pescoço. Me bagunça os sentidos. Por um instante esqueço metade do que eu ia falar, temo não conseguir. Mas êpa, eu preciso falar. Mantenho-me próxima de ti por mais uns segundos, depois me afasto. Olho novamente nos seus olhos, para provocar aquela pergunta que você sempre me faz: ‘aconteceu alguma coisa? cê ta estranha’.
Não deixo seu olhar me escapar. Abro a boca. Não sai nada mais do que um: ‘é que...’. Você sorri discretamente com o canto da boca, mostrando que eu não sou a única a saber  que já me atrapalhei e que meu ensaio perfeito falhou, outra vez. As palavras se esconderam todas no momento em que você me tocou. Insiste em tomar conhecimento daquilo que já conhece. Eu ergo o queixo, empino o nariz e tento outra vez. Mas não adianta, só o meu olhar consegue falar. Você me toca o rosto suavemente e indaga se desisti. Procuro as benditas palavras dentro de mim, mas elas sofrem de bipolaridade e já mudaram de humor.
Seu olhar me desafia novamente. Sigo o instinto do meu palavreado e decido deixar para lá. Você pergunta outra vez, só para provocar. Mantenho a minha nova posição: ‘não é nada’. Outro riso no canto da boca. Você se aproxima mais e termina por calar tudo que eu tinha a dizer. Me faz sentir raiva de mim e de como seus erros acertam em cheio meu coração. 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti."


Nessa nossa relação nos comportamos como Pequeno Príncipe e Raposa. Você o tempo inteiro declarando querer ser amigo meu, eu lhe explicando que era necessário cativar primeiro. Você, curioso como o pequenino, questionou todo meu mundo. Eu lhe impus regras, arisca como tal bicho esperto, lhe contei dos ritos imprescindíveis para a dita “cativação” e te olhando desconfiada e com certo receio fiz minhas as palavras da amiga raposa: “se queres um amigo, cativa-me”.
Mas nós, como todo plágio, não adquirimos o encanto da originalidade. Você, diferente do principezinho, esqueceu-se de avisar que depois de certo tempo eu teria que me contentar apenas com os campos de trigo e com a sua doce lembrança; não sei se por descuido ou por falha proposital, não me esclareceu que era do mundo, que partiria a qualquer momento. Eu, não possuindo esperteza semelhante a da raposa, me esqueci de me lembrar que quando se deixa cativar correm-se riscos, inclusive o risco de chorar.
E agora estamos assim: você vagando por aí em busca de respostas que eu talvez pudesse lhe dar. E eu, desarmada, pagando as consequências de quem se deixa cativar, tendo sempre em mente que melhor do que ter sido raposa, teria ter sido sua rosa. 

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Meio grama

Engraçado, né? Tantas vezes brinquei que você estava cansado e que não queria mais e agora você me vem com essa conversa de que toda brincadeira tem realmente um fundo de verdade. Quero te puxar e falar que eu ainda quero ser só sua, que eu falo besteira somente da boca para fora e que meu coração não conhece mais ninguém; te pedir mais uma vez para ficar, para não me deixar aqui com todo esse amor na mão sem saber o que fazer.
Mas você já falou pela quarta vez que não tem mais jeito, que agora sim terminou. Ainda me resta um grama daquele orgulho. Seguro aquela lágrima que jurei nunca mais ia mostrar para você. Meus olhos te suplicam, você titubeia. Quero falar do que eu sinto, o orgulho me cutuca, a lágrima ameaça outra vez.
Você deixa claro que não tem volta. Perco mais meio grama do meu orgulho. Te digo que não quero. Você não se interessa para descobrir o que não me interessa. Te digo que não quero ficar sem você.
Não sei o que te deu, tenho esperança de que tenha sido o coração. Você da meio passo para trás e diz que depois a gente conversa. Esse tempo a mais me amedronta e te exijo resposta. Você me garante que foi coisa de momento e eu finjo que acredito, que me sinto segura. Aí me aumenta a vontade de te falar tudo o que se passa aqui dentro, mas ainda me sobrou um miligrama daquele orgulho.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Meu silêncio



Te olho fixamente e mordo o canto da boca para calar. Você me pergunta por que te olho desse jeito. Digo que não é nada, você supõe que é algo a dizer. Abro a boca. Fecho novamente. Sabe o que é? Tenho muito a falar. Então porque eu me calo? Me parece meio obvio, mas vamos lá.
 É que eu não posso te falar, moreno. Sei que você não está entendendo. Mas eu realmente não posso. Não posso te deixar saber que eu amo quando você me chama de princesa; que adoro o modo como você me tira o cabelo do rosto e me olha nos olhos, me deixando vermelha; não posso te deixar sonhar que releio as suas mensagens umas 50 vezes e que eu sinto um aperto tremendo no peito quando a gente briga e no meio da discussão um dos dois cogita o fim; não posso deixar que você descubra que depois que você me deixa em casa fico sentada na cama lembrando de tudo, olhando para o visor do celular e torcendo por uma mensagem dizendo que já sente a mesma saudade que eu; não posso permitir que você tome conhecimento do tamanho do meu sentimento por você. 
E por que não? Porque se não você se acomoda, moreno. Acha que nesse peito aqui vai ter sempre amor para você e vai passear por outros jardins para ver senão encontra uma diversão qualquer. Se eu te der a certeza de tudo isso, você acaba me perdendo. Pode escrever.