sábado, 14 de maio de 2011

Homem-do-saco e outros medos

Quero leite gelado; to sem sono. Me lê uma estória? Não consigo dormir. Acho que eu to com medo. Mãe, você vai me abandonar em um orfanato se tiver outro bebê? Não me deixa, por favor, eu to com frio. Deita comigo, vai. Mas promete que não vai sair daqui quando eu pegar no sono? Eu acho que ouvi um barulho, acho que o Homem-do-saco tá lá no portão, ou será que o Bicho Papão veio me pegar? Não mãe, não olha; ele vai te pegar. Por que tenho de dormir agora, não quero ir para aula, e além do mais, eu já sou grande posso ficar acordada até tarde. Mãe, a senhora ainda tá acordada? O bichinho do sono ainda não picou, conta outra estória, aquela com o final feliz? Promete que nunca vai morrer, promete?
E quando eu crescer eu posso ser que nem a senhora? Mãe, e da aonde vem os bebês? Ah, então se eu plantar uma semente de melancia na barriga eu vou ter um? Por que não posso? Odeio ser pequena. As crianças nunca podem fazer nada, que chato.
Mãe, eu acho que to quase com sono, mas não apaga a luz viu?
 Mãe? Segura a minha mão. E não esquece: não sai do meu lado...

4 comentários:

  1. Só acho que não podemos deixar que o medo nos domine. Não for isso, normal é ter medo, faz parte.

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  2. Sempre teremos medo no decorrer de nossas vidas, só não podemos deixar esses medos nos dominar e nos impedir de viver a vida plenamente.

    Beijos

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  3. Adorei teu texto e a forma como o construiu...nos dá um exercício de imaginação, lembrança...gostei mto!

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  4. 'Promete que não vai sair daqui quando eu pegar no sono?' Eu era campeã em falar essa! Só perdia pra 'Promete que nunca vai morrer mãe, promete?'

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