quarta-feira, 1 de julho de 2015

Sobre a fundamentação do amor




A gente não começa amar alguém porque esse tal faz coisas grandiosas. Mas a gente ama porque observou que quando ele faz o pedido para o garçom sempre traz consigo um ‘por favor’ e quando recebe tem sempre um obrigado a espera. Porque quando ele sorri fecha os olhos e se entrega completamente aquele pequeno gesto. A gente começa a amar alguém porque em uma quinta-feira à tarde você pega a pessoa cantarolando bem baixinho aquela música que te fere o coração. Porque quando ele declama um poema a entonação dele é linda. Você ama esse alguém porque ele morde a boca e ri com os olhos quando quer te provocar.
Você ama alguém pela forma como ele passa da segunda para terceira marcha. Pelo modo como foleia um livro, pelos filmes que ele já assistiu, pelas músicas que escuta, pelo olhar por cima dos óculos e pelo gosto em comum pela cerveja. Você ama alguém pelas piadas sem graça, pelo humor sarcástico e pela capacidade que ele tem de te irritar. Pela forma como ele dorme e pelo modo como enrosca os pés aos seus. Pelo bico que faz quando fica zangado, pelas mãos na cintura quando tenta se mostrar surpreso, pela negação que é ao tentar contar uma mentira. Pelo olhar distante que soa triste e misterioso, pela poesia que ele exala. Você ama alguém pelas marcas que o outro carrega, mesmo que você não consiga identifica-las.
Amar outra pessoa não pressupõe muitas coisas. São os detalhes que chamam atenção, é o mínimo que prende. Aquilo que (quase) ninguém percebe é o que apaixona. 

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