quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Conselhos a um menino fujão


            
Ei menino, senta aqui. Mesmo com a aparente distância entre nossos mundos, abre bem os ouvidos, me presenteia com esse olhar terno e escuta bem meus conselhos de mulher que parece ter conhecido cada detalhe do universo.
Quero que você saiba que mesmo muito diferentes, somos um tantinho igual - eu tenho um pouco dessa tua meninice: ainda me falta um bocado para crescer. Também preciso te contar que já percorri algumas estradas a mais que você e que elas não são tão doces quanto a nossa sintonia, mas que a gente vai colocando poesia nelas: independente do que te disser o resto do planeta, não esquece - quem dá o tom suave da vida é a gente.
Por vezes você vai tentar fugir dos problemas, assim como foge de mim e das minhas impossibilidades. Mas olha, por mais que seja difícil encarar, as coisas não são assim. É necessário enfrentar cada monstro que aparece no nosso meio, principalmente aqueles que tentam fazer latifúndio do nosso coração. Eu sei, eu sei. Dói. Parece que destrói cada pedacinho que nos compõe. Mas te garanto, se a gente ignora totalmente, menino, se a gente finge que não vê de jeito nenhum, tudo isso domina a gente de uma forma bem pior.
Também não deixa faltar poesia na tua vida. Você pode até achar isso bem estranho, coisa de gente grande eu falar tanto assim nela. Mas é não. Isso, menino, é pouco do que ainda resta de bonito da minha pequenez. Além do que, é essencial. Tudo já é tão feio. Se a gente não rima esses versos desengonçados que vai arrumando por aí, sei nem como se leva pra frente.
E por fim, menino, não se desapega do amor. Não deixa ninguém te dizer que ele é coisa besta, que a gente passa melhor sem ele. Nem que esse alguém seja eu. Sem sentir a gente nem existe. Não perde essa tua capacidade de transmitir paixão. Você nem sabe, mas todo esse amor que você exala, já me sustentou diversas vezes.
E para acabar mesmo, sem mais delongas e conversa furada, quero te pedir para não sumir tanto assim. Ok, ok. Posso te assustar e deixar pensando que é melhor não me olhar nunca mais. Só que o que existe entre a gente é maior que isso, pelo menos vez por outra, volta aqui. É que a serenidade da nossa tempestade me deixa tão feliz.

3 comentários:

  1. Para chegar à beleza do texto, indiscutível e indescritivelmente belo, é preciso passar - não às largas - mas bem amiúde, por duas belezas eternas: primeiro, o estilo da poetisa cronista. Amigos, como é belo! A fala fácil, as ideias perfeitas, casadas, harmoniosas, e esse jeito único de dizer as coisas, em que se destacam graça, desenvoltura e sentimentalidade. Segundo, os temas abordados, sempre muito belos, muito belos, no convívio humano.
    Aí chegamos no texto, nesse texto tremendamente poético, tremendamente inspirativo, irresistivelmente atraente.
    Se eu não tivesse já falado tanto dessa pedra preciosa, eu diria: sem palavras! Mas agora, já falei.
    Quando escreves muitos textos, quase reclamo contigo! Deveriam ser pausados - embora não tanto como ocorreu desta vez - porque é preciso ler e reler cada um.. E depois, reler...
    Não sei, não. Estas serias as palavras de um fã incondicional...
    Vou repensar meu comentário.
    Se sair isso mesmo - venceste, eu confesso, sou fã incondicional!
    Beijosssssssssssssss

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    1. Diante de um comentário como esse, não há outra possibilidade que não ficar sem palavras.
      Agradeço pelo carinho de sempre
      Beijos

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  2. Esse texto é maravilhoso, você escreve divinamente bem e com o coração, admiro isso muito!!! Parabéns!

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