segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Não se pede, não se mede e sempre se repete

Não fui esperada, vim de intrometida que sou; mas mesmo assim me receberam de braços abertos. Logo em minha chegada, chorei por toda a madrugada, fiz com que boa parte vocês perdessem o sono; e mesmo com muitas horas pela frente, me acalentaram e me trataram como se eu fosse a coisa mais preciosa deste mundo. Quando achei que pudesse dar meus primeiros passos e caí nunca faltava alguém para socorrer-me e dizer que ' foi só um pulinho', e ao mesmo tempo me deixaram entender que a queda faz parte da vida.
Quando cresci mais um tiquinho e tive vontade de voar, vocês me avisaram que as asas nascem aos pouquinhos e que era para eu ir com calma. Afoita, achei que não era assim, que podia me mandar do ninho e enfrentar o céu. Mas as pequenas asas que tinha não me deixaram levantar voo e o máximo que consegui foi alguns tombos bem feios. Voltei toda encharcada, doída, machucada e vocês não insistiram que tinham me avisado, não fizeram questão de me fazer pagar pelo que eu tinha de pagar, amenizaram a minha dor: colocaram alguns curativos em meu peito e me ninaram.
E mesmo quando eu ainda não enxergava o quão valioso vocês eram, não me mandaram embora, não deixaram que a recíproca fosse verdadeira e ,a meu contra-gosto, continuaram a me cuidar e zelar, me tratando com a tal da princesa da pedra fina*. Quando eu fui capaz de entender o que vocês realmente significam e voltei, novamente, correndo, doida para pedir perdão, me calaram. Mas não exigiram que eu me desculpasse, muito pelo contrário, trataram como se, toda a vida, eu entendesse isto.
Ah, meus verdadeiros amores, à vocês eu não tenho muito a agradecer, tenho tudo. Vocês é que construíram maior parte de mim, é que me feriram e me curaram, é que me ensinaram, me deram carinho, calor e amor. Família, é a vocês que eu devo tudo o que tenho, que sou; é por vocês que eu faço o que faço; é com vocês que eu quero e preciso seguir. Porque amor assim, só de família. E por mais que uma noite ou outra eu esteja fora de casa é vocês que carrego em meu coração. São a única certeza que trago, porque vocês sim: me tem e me pertencem.

*princesa da pedra fina é personagem principal de um estória que minha avó sempre costumou contar e me comparar.

12 comentários:

  1. Gabriela, gostei muito do seu texto. Bela homenagem à família. Abraços

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  2. beautiful. A butterfly that has made the world more colorful.

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  3. Reconhecer pessoas, amores e emoções.. sempre cativando sentimentos.
    Assim que vamos vivemos, e é tão gostoso!

    um beijo querida.

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  4. Adoro gente grata, acho a coisa mais linda! =)

    Beijo, Gabi.

    ℓυηα

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  5. nossa, me fez pensar como eu levo a vida de um jeito tao banal !
    me fez refletir !
    beijos

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  6. Reflexão pra tarde de hoje...adorei!
    Bjos

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  7. Reconhecer quem gosta da gente de verdade é sempre bom, tras um sentimento de importancia!

    Lindo texto, amei!

    Beijos

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  8. Que texto mais lindo! Concordo plenamente que esse, sim, é um amor verdadeiro e eterno. Há de se reconhecer, mais cedo ou mais tarde. Não existe mais aconchego do que nossa própria casa.
    =*

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  9. Às vezes não damos o devido valor à nossa família, é verdade. Reclamamos da tal da super-proteção e tudo mais, sem nem saber que eles são nossa base verdadeira, nosso alicerce mais seguro.
    Lindo demais esse texto. É preciso reconhecer que os laço familiares são eternos. E sinceros.

    beijos.

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  10. ler esse blog é sempre um prazer... tão simples e tão profundo! rs.

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