terça-feira, 22 de junho de 2010

Findando guerras sentimentais

Boa tarde, querido inimigo. Aqui venho eu, como uma bandeira branca, ou se preferir, com o arco-íris inteiro à punho; despida de toda a minha prepotência e desejo de vingança, completamente nua, dar fim a este nosso longo conflito. Percebo, que não tu, mas esta maldita vontade de vencer me dominou por todos estes onze anos.
Não mando embora a ideia de que sempre tive motivos para te odiar e insistir em vencer a cada raiar do dia estas batalhas nada sangrentas e muito dolorosas; mas abro mão dessas fieis companheiras. As empresto à você para que use-as contra mim e me faça sair, mesmo que com o rabinho entre as pernas, desta guerra tão cheia de razão.
Repeti tanto aos quatro ventos o quanto estava certa. Usei de tamanho poder de persuasão que fui capaz de convencer todo o mundo e me desconvecer de uma possível vitória.
Zero meu placar, dou-te todos os meu pontos suados. Abro mão de tudo, de todos.
Não, eu não aderi a uma filosofia que a nossa guerra não resolve nada; ainda acho que nosso caso seria um a fugir do real. Mas é que todos os tiros saíram pela culatra; a faca não tem mais dois gumes, agora um só, que me atravessa pouquinho a pouquinho. Enquanto preocupei-me em te destruir acabei com o que mais prezava em mim- o orgulho!
A cada vez que desembainhei minha espada ou consegui a melhor mira eu matava o meu tão estimado orgulho; matei-o pedacinho por pedacinho e acabei por dar fim a qualquer sentido que possuísse minha existência. Por isso, cá estou a jogar a teus pés tudo que já considerei de mais importante, precioso.
E não vou te pedir nada em troca. Não tenho mais nenhum refém sobe meu domínio, não quero nenhum tostão de teu amor e nenhum km quadrado sequer do teu coração. Até tinha vontade de continuar meus dias a convencer-me de que sou mais poderosa que sua insignificante figura; de verdade? Eu ainda quero! Mas não acho mais forças, nem mesmo em tua queda.
Por tanto, entrego-te todas as minhas armas infalíveis que de nada adiantaram. Por merecer, dou-te mais um troféu e não nos esqueçamos, deixo que leve por inteiro todos os meu ideais.

Agradeço-te e sumo da tua frente,
Grata.

"Sentir teu coração perfeito, batendo á toa, isso dói, seja como for. É uma dor que dói no peito, pode ir agora, que estou sozinho. Mas não venha me roubar..."

9 comentários:

  1. ui, muitas dores de cabeça mesmo.
    os teus textos são sempre lindo, minha querida. tens um grande talento.
    parabéns e um grande beijinho

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  2. É o orgulho que ainda resta.
    Menina você arrasa. Adorei demais chegar aqui...

    Beijos

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  3. Vencer nossas dúvidas, nossos inimigos, como o medo, faz um bem danado ao coração!
    Um beijo
    Ju

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  4. "Não tenho mais nenhum refém sobe meu domínio, não quero nenhum tostão de teu amor e nenhum km quadrado sequer do teu coração."
    perfeito, intenso.
    texto muito bom.foi como se lesse um pagina de um diário muito bem escondido de todos

    beijo

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  5. É, temos que saber quando parar e perceber quando a luta termina, isso fere o orgulho, mas depois traz um bem pra alma e alivia um peso das costas...

    Bjs =)

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  6. Eu gostaria de amar mais meus inimigos,
    eu tenho inimigos?

    prefiro não tê-los.

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  7. não há alívio mais sensato que abandonar uma guerra. E não há coragem maior do que a coragem daquele que sabe dar o braço a torcer.

    Orgulho, todo teu.

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  8. Quanto sentimento, quanta verdade. Guerras sentimentais: estabilizam, ou destroem. Corroem, ou constroem. Mas como cansam, não?
    Um beeijo!

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  9. Lembrei de Pato Fu :

    "As brigas que ganhei
    Nem um troféu
    Como lembrança
    Pra casa eu levei

    As brigas que perdi
    Estas sim
    Eu nunca esqueci
    Eu nunca esqueci..."


    Beijo, beijo.

    ℓυηα

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