Boa tarde, querido inimigo. Aqui venho eu, como uma bandeira branca, ou se preferir, com o arco-íris inteiro à punho; despida de toda a minha prepotência e desejo de vingança, completamente nua, dar fim a este nosso longo conflito. Percebo, que não tu, mas esta maldita vontade de vencer me dominou por todos estes onze anos.
Não mando embora a ideia de que sempre tive motivos para te odiar e insistir em vencer a cada raiar do dia estas batalhas nada sangrentas e muito dolorosas; mas abro mão dessas fieis companheiras. As empresto à você para que use-as contra mim e me faça sair, mesmo que com o rabinho entre as pernas, desta guerra tão cheia de razão.
Repeti tanto aos quatro ventos o quanto estava certa. Usei de tamanho poder de persuasão que fui capaz de convencer todo o mundo e me desconvecer de uma possível vitória.
Zero meu placar, dou-te todos os meu pontos suados. Abro mão de tudo, de todos.
Não, eu não aderi a uma filosofia que a nossa guerra não resolve nada; ainda acho que nosso caso seria um a fugir do real. Mas é que todos os tiros saíram pela culatra; a faca não tem mais dois gumes, agora um só, que me atravessa pouquinho a pouquinho. Enquanto preocupei-me em te destruir acabei com o que mais prezava em mim- o orgulho!
A cada vez que desembainhei minha espada ou consegui a melhor mira eu matava o meu tão estimado orgulho; matei-o pedacinho por pedacinho e acabei por dar fim a qualquer sentido que possuísse minha existência. Por isso, cá estou a jogar a teus pés tudo que já considerei de mais importante, precioso.
E não vou te pedir nada em troca. Não tenho mais nenhum refém sobe meu domínio, não quero nenhum tostão de teu amor e nenhum km quadrado sequer do teu coração. Até tinha vontade de continuar meus dias a convencer-me de que sou mais poderosa que sua insignificante figura; de verdade? Eu ainda quero! Mas não acho mais forças, nem mesmo em tua queda.
Por tanto, entrego-te todas as minhas armas infalíveis que de nada adiantaram. Por merecer, dou-te mais um troféu e não nos esqueçamos, deixo que leve por inteiro todos os meu ideais.
Agradeço-te e sumo da tua frente,
Grata.
"Sentir teu coração perfeito, batendo á toa, isso dói, seja como for. É uma dor que dói no peito, pode ir agora, que estou sozinho. Mas não venha me roubar..."
ui, muitas dores de cabeça mesmo.
ResponderExcluiros teus textos são sempre lindo, minha querida. tens um grande talento.
parabéns e um grande beijinho
É o orgulho que ainda resta.
ResponderExcluirMenina você arrasa. Adorei demais chegar aqui...
Beijos
Vencer nossas dúvidas, nossos inimigos, como o medo, faz um bem danado ao coração!
ResponderExcluirUm beijo
Ju
"Não tenho mais nenhum refém sobe meu domínio, não quero nenhum tostão de teu amor e nenhum km quadrado sequer do teu coração."
ResponderExcluirperfeito, intenso.
texto muito bom.foi como se lesse um pagina de um diário muito bem escondido de todos
beijo
É, temos que saber quando parar e perceber quando a luta termina, isso fere o orgulho, mas depois traz um bem pra alma e alivia um peso das costas...
ResponderExcluirBjs =)
Eu gostaria de amar mais meus inimigos,
ResponderExcluireu tenho inimigos?
prefiro não tê-los.
não há alívio mais sensato que abandonar uma guerra. E não há coragem maior do que a coragem daquele que sabe dar o braço a torcer.
ResponderExcluirOrgulho, todo teu.
Quanto sentimento, quanta verdade. Guerras sentimentais: estabilizam, ou destroem. Corroem, ou constroem. Mas como cansam, não?
ResponderExcluirUm beeijo!
Lembrei de Pato Fu :
ResponderExcluir♪ "As brigas que ganhei
Nem um troféu
Como lembrança
Pra casa eu levei
As brigas que perdi
Estas sim
Eu nunca esqueci
Eu nunca esqueci..." ♫
Beijo, beijo.
ℓυηα