quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nos reencontros da vida - Noite de Natal


"A noite foi crescendo e deixando de ser uma criança, as horas passaram rápido demais e o sentimento acelerava no peito daquela pequena menina, era hora de ir para cama. Marcos a levou até a porta do quarto e encostou-a na parede. Chegou mais perto e sussurrou em seu ouvido: "Dorme com os anjos e sonha comigo".

-Bobo, eu já estou sonhando."
Logo que deitou-se Helena conseguiu continuar aquele sonho bom, e o medo de que ele acabasse era tanto que ela dormiu até mais tarde - acordou lá pelas onze da manhã da véspera natalina, sentindo-se a criatura mais feliz do mundo. Cumpriu sua rotina matinal com mais calma que o comum, queria que tudo fosse feito perfeitamente, para que nada pudesse dar errado. Surpreendentemente o dia não estava tão frio, escolheu um short's curtos e a blusa azul que tanto gostava; penteou o cabelo por um bom tempo, as tais das cem escovadas das princesas, deixando-os caídos nos ombros. Olhou-se no espelho para ter certeza de que trazia em seu rosto seu maior sorriso, o mais bonito, o sorriso dele.
Saiu vagarosamente do quarto, deu passos curtos e lerdos, queria que o tempo não passasse, aquilo era bom de mais para ser verdade, bom de mais para ela; nunca tivera nada daquele jeito, nunca havia se sentido tão querida e necessária para alguém como sentia-se para Marcos, começava a achar que ele também era o que ela queria. Ao chegar a sala deparou-se com aquele rosto terno, cheio de amor p-a-r-a-e-l-a, só para ela. Sentia que aquela companhia lhe era imprescindível, nada podia ocupar-lhe o lugar e o doce daqueles braços; nessas horas desejava demonstra-lhe isso, entender-lhe os braços e contar-lhe como era fundamental aqueles abraços cheios de desvelo.
Ele parecia ler seus pensamentos - levantou-se de onde estava só para satisfazer a necessidade daquela garota. Ele tinha certeza de que ela era o que ele queria para o resto da vida. Abraçou-a docemente: 'Bom dia, dorminhoca. Pensei que teria de dar uma de príncipe encantado e te acordar com um beijo, dona Bela Adormecida'.
-Olha, Marcos, assim eu volto para cama!
-Bobinha, você não precisa disso - disse beijado-a delicadamente- é só você pedir que eu te dou todos os beijos do mundo. Ah, vai comer alguma coisa rápido que eu tenho uma surpresa para você. Vai, vai, presente de natal adiantado.
Naquele instante a pouca fome de Helena diminuiu mais ainda,a ansiedade saciava todo o seu desejo de fome. Engoliu qualquer coisa com um gosto forte e logo puxou-o pela mão, aquela que havia matado seu desejo natural não mandou embora sua amiga curiosidade. Mas depois dos dedos entrelaçados deixou-se levar por aquela segurança que ele lhe dava de presente sempre que segurava sua mão. Marcos a levou a dos lugares mais bonitos que ela já havia ido na vida; a menina deixou-se encantar pelo cheiro e pela beleza das flores; ai, era tudo um sonho bom, e ela não queria acordar de jeito nenhum, tinha achado o calor que precisava naquela cidade fria. Marcos não se cansava de contemplar aquela beleza contrastante: era pueril e selvagem ao mesmo tempo: irresistível. Abraço-a pela cintura e sussurrou em seu ouvido causando aquele arrepio de sempre:
-Vai, me conta, no que você está pensando...
-Em tanta coisa, em nada.
-Sabe o que eu penso quando olho para essas flores?
-Não. Em que?
-Em você, meu amor...
Beijo-a ali, na frente das poucas pessoas nostálgicas que se encontravam naquele lugar. O que eles queriam mesmo era mostrar para o mundo que pertenciam um ao outro e que tinha uma boa chance de, um dia, ser um só. Naquele beijo profundo ele queria dizer aquela pequena tão frágil que ele não queria e nunca iria lhe machucar, ela queria dizer-lhe que ele havia acabado com seus medos, e o seu coração estava doido, pedindo para se entregar.
Ficaram ali, abraçados por um instante, calados, dizendo muitas coisas um para o outro - coisas de amor, de carinho; promessas; sonhos; tudo coisa bonita. O sol já ia embora e convidou os sonhadores apaixonados a voltar para casa também; era tarde, era noite de natal. Os dois chegaram em casa radiantes, pareciam ter roubado toda a energia positiva que o sol carregava, brincavam com todos, não se continham.
A festa começou, estava tudo tão bonito, eram sempre assim as festas daquela família - cheias de amor. Marcos e Helena faziam o papel do casal perfeito: não se isolavam, mas causavam inveja em todo mundo, davam aquele gostinho de 'também quero'. A noite como sempre era uma criança pequena e crescia ligeiro demais e quando estava quase para morrer Marcos puxou a prima pela braço e levou-a um canto escondido, mas dessa vez não pronunciou uma única palavra, não deixo-a vermelha olhando-a intensamente, só a beijou, como se fosse a ultima vez, a ultima coisa que faria na vida. Disse para ela, naquele silêncio, que a queria, muito; ela o disse que tinha encontrado sua salvação de amor. E os dois disseram ao mesmo tempo que seriam um do outro para sempre, pelo ou menos naquele instante.

7 comentários:

  1. Nossa, que lindo.
    É tão bom pertencer por um instante eternamente.
    Ficou lindo de verdade.
    Um beijo e bom final de semana.

    ps.obrigado pela visita no coffee

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  2. E esse é o melhor presente de Natal que os dois podem ganhar, o amor um do outro.
    O conto ficou muito lindo, todas as partes, tudo muito cheio de amor... adorei.

    Bjs =)

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  3. Rs

    Gosto do egoísmo saudável, algumas coisas também quero só P-R-A-M-I-M! =)

    Beeeeeeeeeijos!

    ℓυηα

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  4. já viu amor não possessivo? não, né.

    ai que texto lindo, Gabi.

    nossa! amei!

    beijão, flor.

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  5. meu Deus, como nós somos bobas!
    isso é tudo o que queremos, não é?
    por que é tão difícil?

    rs.
    bju, gabi! ;*

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  6. As vezes um instante pode ser, um para sempre, mesmo que venham se separar, mas o momento foi "eterno" para ambos. Paz querida!

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  7. Lindo Gaby...

    Pra que presente de natal melhor do que o amor né não?

    beijo grande !!

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