Ai, ai, saudades por que resolveste me visitar justo agora, se não telefonei para vir me ver? Não te mandei recado algum e nem deixei a sintonia telepática ligada. Ah, já sei, foi você quem mandou essa danada vir me cutucar, não foi? Sei que sim, agora nesse minuto você deve está rindo com o canto da boca e esses teus lindos olhos verdes. Você deve estar imaginando e se divertindo com meu pé dançando em ritmo de birra; deve estar adorando me olhar, em seu pensamento, fazer birra e encher o olho d’água, graças a uma TPM e uma dose a mais de sensibilidade. E conte aqui para mim: você se lembra do modo como me abraçava para confortar-me? Lembra? Eu tive um lapso de memória e quase me esqueci, mas agora, a saudade me recordou. Ela me lembrou o quanto era bom quando eu acordava de manhã cedinho e você estava ali, sentado ao chão me olhando, só olhando e alegava que eu ficava linda dormindo, me lembro bem, você dizia que eu parecia um anjo, que eu perdia a pose de poderosa. Lembrei também o quanto eu adorava o café da manhã forçado que você me fazia tomar, dizia que eu comia de menos e que homem odiava mulher magra demais. Não me esqueço também, do quanto era adorável o modo como você chegava de surpresa, me abraçando por trás com um beijo na nuca e fazendo com que eu me arrepiasse dos pés à cabeça, você sempre soube me arrepiar. E quando você insistia em saber o que eu estava pensando e me deixava vermelhar de vergonha por me olhar intensamente? Ai... Será que você fazia ideia do quanto me fazia feliz quando observa coisas sobre mim que só descobri depois e através de você? Ou quando me fazia revelar todos os meus sentimentos e pensamentos, ou então quando me dizia o quanto eu era madura e que eu tinha de me levar menos a sério, que adorava as minhas pernas e que amava me ver rindo de cócegas? Senti uma falta enorme de quando eu sentia frio e você me dava sua blusa de manga comprida, sempre a mesma; de me sentir confortada e protegida pelos teus braços sempre em volta da minha cintura; de te negar um beijo só para provocar. Faltam-me as nossas conversas na praia, o tom de realidade que tinham nossas discussões, sem perder o carinho e o amor. Eu queria muito ouvir de novo, da tua boca, que alguém me deseja a maior felicidade do mundo, que o eu teria o que quisesse, só por ser especial, sinto falta de alguém que me valorize, sem supervalorizar. Sabe, eu acho, não, não, eu tenho certeza de que você garantiu dois lugares em meu coração: um bonito por demais, é alegre, meio nostálgico, mas muito bonito – são as lembranças dos momentos em que estivemos juntos; e o outro já não é tão bonito assim: é um poço, aham, você conseguiu cavar um poço enorme, profundo, escuro, frio e feio no meu peito – a distância colaborou, e muito, entregou a par em suas mãos e te deu força para cavar, decepcionar, cavar, decepcionar e cavar mais fundo ainda. E esse poço cheio de poços e água podre quase me deixou esquecer tudo, chegou muito perto de superar o que houve de doce e bonito, mas a saudades, desgraçada saudade, fez com que eu lembrasse: beijo por beijo, mão por mão, conversa por conversa, olhar por olhar e dor por dor. Eu quase, quase mesmo consegui te jogar dentro de um desses buracos salobros de solidão, mas aí a saudades entrou porta a dentro cantando ‘pele macia, ai carne de caju...’; uma pontada e ‘linda morena, fruta de vez, temporana, caldo de cana caiana’, uma lágrima e ‘morena tropicana eu quero teu sabor....’. O que eu posso fazer? Eu cheguei bem perto, quase, tão quase que chega a me assustar.
Ô saudade, aparece assim do nada, quando já tinha esquecido de sentí-la, parece que é algo planejado que o fdp faz por sadismo não? Ah, sinto isso esses tempos... ;/
ResponderExcluirbeijos.
Gabriela, saudade é assim mesmo...adorei sua frase
ResponderExcluir"Não te mandei recado algum e nem deixei a sintonia telepática ligada." rsssssss
abraços
Eu ADORO essa música, guria. Pena que ela esteja ligada à saudade, pra ti. É linda demais, sempre me agita! Hehehe
ResponderExcluirUm beijão, Gabi!
Oi Querida, Lindíssimas palavras. Você consegue passear de forma leve, apaixonada e equilibrada, por um tema de duas faces, a saudade.
ResponderExcluirParabéns!
Bjim
obrigada querida
ResponderExcluira saudade sempre vem quando não é chamada. lindas, infelizmente tristes, palavras.
ResponderExcluirEssa maldita saudade.
ResponderExcluirSaudade é mal educada, SEMPRE!
ResponderExcluir=)
Ani
Eu gosto de acreditar que quando pensamos com força em alguém, com muita vontade mesmo, a conexão se dá. Isso me deixa contente, me inspira!
ResponderExcluirQue bonitos os teus escritos, Gabi...gosto sempre e muito! ^.^
Beijo, beijo.
ℓυηα
UGabi, a saudade é uma danada mesmo. Chega e faz essas doideiras com a gente. Não gosto dela, não.
ResponderExcluirMas que texto, hein? Não sei como ainda me surpreendo com o que tu escreves...
Beijos!
A saudade sempre vem quando a gente menos espera, as lembranças, os momentos, todos os detalhes voltam a nossa mente de uma maneira incrivel, é sempre assim.
ResponderExcluirBelo texto flor, adorei!
Beijos
Saudade é algo cruel mesmo, quando bate na gente, as vezes é de derrubar e nos fazer ficar horas e horas lembrando daquele que, na maioria, nem lembra da gente.
ResponderExcluirLindo!
Saudade...sempre ela. O bom é que nos inspira a escrever coisas lindas como o que tu fez agora!
ResponderExcluirSumiu lá do meu cantinho, hein? :(
Bjoooooooooo
Como consegue descrever o abstrato tanta perfeição? Você é boa.
ResponderExcluir"O que eu posso fazer? Eu cheguei bem perto, quase, tão quase que chega a me assustar"
ResponderExcluirMe solidarizo, Gabi.
Chega a me assustar também.